09/05/2021
Ministro Marcelo Queiroga será convocado para novo depoimento na CPI da Covid
BRASÍLIA, DF - O presidente da CPI da Covid do Senado, Omar
Aziz (PSD-AM), classificou neste domingo, 9, como uma "grande
decepção" a postura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que depôs à
comissão nesta semana e se esquivou de declarar sua posição sobre o uso da
cloroquina em pacientes com covid-19. Segundo Aziz, Queiroga "com
certeza" será reconvocado para falar mais uma vez à CPI, diante das
contradições expostas entre a política do governo Bolsonaro na pandemia e as
diretrizes do Ministério da Saúde. Questionado diversas vezes sobre o uso da cloroquina durante
o depoimento na quinta-feira (6), o ministro respondeu que não poderia se
pronunciar porque a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(Conitec) ainda está avaliando e elaborando o protocolo de tratamento da
covid-19. Isso irritou os integrantes da CPI, especialmente a cúpula do
colegiado. Ontem, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Queiroga
investiu numa estratégia de não responder às perguntas dos senadores objetivamente
e, portanto, de não "falar a verdade". Essa frustração foi endossada pelo presidente da CPI.
"Agora, o Queiroga foi uma grande decepção, ele como médico cardiologista.
Quando a gente perguntava se ele era a favor da cloroquina - e ele não citava a
palavra cloroquina, falava em 'fármacos' -, ele jogava para a Conitec",
comentou Aziz em entrevista ao historiador Marco Antonio Villa divulgada neste
domingo no Youtube. Para o presidente da CPI, esse pretexto usado por Queiroga
foi para "não magoar o chefe" e indica que o ministro é contra o uso
da cloroquina em pacientes com covid-19, medicamento que não tem eficácia
comprovada contra a doença. "Então é claro no posicionamento dele que ele é contra,
mas não quer magoar o chefe. E com certeza será reconvocado porque as
contradições em relação à política do governo é totalmente diferente da
política do Ministério da Saúde. Então ele deve ser reconvocado", afirmou
Aziz. Na conversa com o historiador, o presidente da comissão
também avaliou o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich como o
"melhor" até o momento. Além de Queiroga e Teich, que foi o segundo
titular da pasta no governo Bolsonaro, também falou nesta semana à CPI o
ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. "Teich passou 29 dias na Saúde, pouco
ou quase nada poderia ter feito. Mesmo assim, acho que o melhor depoimento que
teve foi do Teich, porque claramente ele se posiciona contra medicação
antecipada, em relação ao que poderia ou não acontecer sobre essas medicações
que estão sendo difundidas por um grupo de pessoas", afirmou o senador. Sem planejamento Para Aziz, no entanto, um ponto em comum nos depoimentos dos
três médicos é que nenhum apresentou ter um "planejamento" para
enfrentar a pandemia. "Nenhum deles tem planejamento, ainda estão todos batendo
cabeça em relação à covid depois de um ano", avaliou o presidente da
comissão. Apesar de lembrar que Mandetta levou à CPI a carta em que alertou o
presidente sobre a gravidade da pandemia, Aziz disse que o ex-ministro também
não conseguiu dizer à comissão qual foi o planejamento tocado por ele enquanto
estava titular da Saúde. "Qual era o planejamento de testagem, de barreira
sanitária, de comportamento? Era tudo incipiente, mas não havia ali um
planejamento, ele não deixa nada planejado como ministro", criticou o
senador.
O presidente da CPI ainda avaliou que não é uma maioria,
mas, sim, uma minoria no Brasil que defende o uso de medicações com eficácia
não comprovada em pacientes infectados pelo novo coronavírus. "Parece que
é uma maioria, e não é uma maioria. Eles têm um poder de mídias sociais muito
grande", disse o senador. Estadão
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