10/05/2021
Pazuello tenta evitar ser ouvido como testemunha, o que lhe desobrigaria a falar a verdade ou se calar
BRASÍLIA, DF - O comando da CPI da Covid no Senado já
detectou uma tentativa da defesa do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de
evitar comparecer ao depoimento do dia 19 como testemunha. Na condição de testemunha, um depoente é obrigado a dizer a
verdade e não pode ficar calado diante das perguntas. Se for à CPI como
investigado, Pazuello poderá se calar. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP),
afirmou ao blog que chegou à comissão a informação de que Pazuello pode tentar
obter um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não depor como
testemunha. Pazuello alegaria que é investigado em um processo, que agora
tramita na 1ª instância da Justiça, por omissões no comando da pasta da Saúde
na pandemia. Pazuello deveria ter comparecido para depor na CPI na semana
passada, mas sua convocação foi adiada depois que ele disse que teve contato
com um ex-assessor contaminado com o coronavírus. Ele pedia um depoimento
virtual. Segundo Randolfe, a avaliação é de que o pedido de Pazuello
ao STF tem pouca chance de prosperar, porque o ministro do STF Ricardo
Lewandowski tem sido duro ao julgar os temas da pandemia. Lewandowski tem sido
responsável por temas relativos à CPI depois de ter sido sorteado para avaliar
o pedido de senadores governistas de retirar Renan Calheiros (MDB-AL) da
relatoria. Segundo relatos que chegaram à CPI, Pazuello segue muito
nervoso com o depoimento e com a possibilidade de que isso agrave as investigações
contra ele. Mais longevo ministro da Saúde durante a pandemia, Pazuello
participou das negociações de vacinas, inclusive das rejeições de ofertas de
laboratórios. Ele presenciou as negativas do presidente Jair Bolsonaro em
relação à compra da Coronavac, do Butantan. Também estava à frente da pasta
durante a crise de falta de oxigênio em Manaus, foco de investigação.
Para outros senadores que fazem parte da CPI, Pazuello deve
ser chamado mais de uma vez na CPI, pelo fato de ter sido responsável por diversas
decisões que levaram à gestão desastrosa da pandemia, que já deixa mais de 420
mil mortos. Blog da Ana Flor / G1
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