19/05/2021
“Bolsonaro nunca me deu ordens diretas pra nada”, diz Pazuello à CPI da Covid
BRASÍLIA, DF - O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse
nesta quarta-feira (19) à CPI da Covid que o presidente Jair Bolsonaro não lhe
deu, "em hipótese alguma", ordens diretas sobre tratamento precoce
contra a doença. Pazuello foi questionado pelo relator, senador Renan
Calheiros (MDB-AL), sobre eventuais ordens de Bolsonaro sobre medicamentos como
a cloroquina, que não tem eficácia contra a doença. "Em hipótese alguma. O presidente nunca me deu ordens
diretas para nada", respondeu Pazuello. Pazuello foi à CPI amparado por um habeas corpus concedido
pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o
permite ficar em silêncio sempre que entender que as perguntas possam levá-lo à
autoincriminação. Segundo o ex-ministro, as orientações de Bolsonaro ocorriam
no sentido de "fazer as coisas acontecerem o mais rápido possível". "Em momento algum o presidente me orientou, me
encaminhou ou me deu ordem para eu fazer nada diferente do que eu estava
fazendo. [...] As minhas posições e minhas ações nunca foram contrapostas pelo
presidente", afirmou Pazuello. Em sua fala inicial, o ex-ministro disse que está agradecido
à CPI pela oportunidade de "esclarecer a verdade" sobre a pandemia.
Ele também prestou solidariedade às vítimas da Covid. Pazuello afirmou que foi à CPI como um "homem
comum". General da ativa, ele fez um resumo de sua carreira no Exército. “Quem está aqui sentado hoje é um homem comum, um filho que
perdeu a sua mãe muito cedo e seu pai há pouco tempo (...) Um cidadão
brasileiro, mas que por opção jurou defender o seu país independentemente dos
riscos inerentes às missões recebidas”, afirmou Pazuello. Balanço de ações no
governo e decisão do STF O ex-ministro também apresentou um balanço das ações do
governo ao longo da pandemia. Pazuello repetiu um argumento do Palácio do
Planalto, de que decisão do STF deu aos governadores poder de tomar decisões
sobre medidas contra o coronavírus. A decisão do STF, no entanto, ao contrário
do que alegam governistas, não exime a União de responsabilidade. "A União disponibiliza recursos para que estados e
munícipios executem as ações de saúde. Aos estados e municípios cabe, por
intermédio das secretarias de saúde, de forma plena, executar as ações em
saúde. As decisões do STF limitaram ainda mais essas ações. Assim não há
possibilidade de o Ministério da Saúde interferir nas ações nos estados de
saúde", argumentou Pazuello.
Ele também citou repasses de verbas federais para os estados. G1
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