30/05/2021
Envolvido em desvio de recursos para a Covid-19 pode revelar esquema nacional de corrupção, diz Senador
BRASÍLIA, DF - O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) considera o
ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco de Araújo Filho, a ponta
do iceberg de um esquema nacional de corrupção, que envolve o governo de
Brasília e o Ministério da Saúde. “Ele é uma das testemunhas mais importantes
do momento", ressalta o parlamentar. A pedido de Izalci Lucas, o senador
Eduardo Girão (Podemos-CE) apresentou requerimento de convocação do
ex-secretário da Saúde do DF à CPI da Pandemia. O documento foi
juntado a mais de outros 200 requerimentos que serão analisados pelo plenário
da CPI nos próximos dias. Izalci acredita que Francisco possa revelar detalhes
da corrupção. O ex-secretário foi preso no ano passado, depois que a polícia e
o Ministério Público descobriram o envolvimento dele em desvios de recursos
para o combate à Covid-19. “O Francisco só não fez delação premiada ainda
porque alguém está bancando ele e os advogados”. Reportagem publicada na edição de VEJA desta semana revela
que existe todo um mistério sobre como Francisco Araújo, um ex-vereador do
interior de Alagoas, assumiu a secretaria de Saúde do DF. Para o senador, Francisco pode ajudar a desvendar a
corrupção nacional porque o esquema em Brasília tem ligações com vários atores
nacionais. Izalci diz que Francisco mantinha contatos com lobistas ligados à Saúde e com escritórios
que fazem intermediação de negócios em Brasília. Na época da prisão do secretário de Saúde do DF, o deputado
distrital Chico Vigilante (PT) disse a VEJA que Francisco de Araújo era ligado
ao senador Renan Calheiros (MDB-AL). O atual relator das CPI da Pandemia,
porém, nega ter qualquer vínculo com o ex-secretário: “Não tenho nada a ver com
a indicação dessa pessoa e nem tenho qualquer relacionamento com ela”, garantiu
o senador. Izalci lembra que personagens de outros estados tiveram
envolvimento com as fraudes no DF, que tem um orçamento de mais de 7 bilhões de
reais por ano só para a Saúde, dinheiro que é repassado pelo governo federal.
Um dos empresários que participou de uma das fraudes na compra de testes
superfaturados de Covid-19 pela Secretaria de Saúde foi Fábio Campos, que era
assessor parlamentar do deputado João Carlos Bacelar (PL-BA). Bacelar e o PL
negam serem responsáveis pela indicação do ex-secretário de Saúde. Outro personagem que foi identificado na fraude das compras
de testes de Covid superfaturados no DF foi Francisco Maximiano, dono da
Precisa Comercialização de Medicamentos e da Global Gestão em Saúde. A Precisa
é representante no Brasil do laboratório indiano que fabrica a vacina Covaxin,
que fechou contrato para vender 20 milhões de doses para o Ministério da Saúde,
por 1,6 bilhão de reais. Maximiano é também dono da Global Gestão em Saúde, empresa
que é ré em processo na Justiça Federal na qual o Ministério Público pede a
devolução de 20 milhões de reais por medicamentos que foram pagos e não foram
entregues ao Ministério da Saúde na gestão do atual líder do governo na Câmara,
Ricardo Barros (PP-PR).
Ex-ministro da Saúde, Barros é réu no mesmo processo. Em
março, a Petrobras aplicou multa de 2,33 milhões de reais à Global Gestão em
Saúde, que gerenciava a distribuição de medicamentos aos beneficiários do
programa de assistência da estatal, por “fraude contratual”. Veja, com Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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