12/06/2021
Projeto oferece apoio psicológico online para pessoas que perderam parentes para a Covid-19
BRASÍLIA, DF - Um projeto da Secretaria de Saúde do Distrito
Federal (SES), em parceria com a Universidade Brasília (UnB), vai oferecer
apoio psicológico para pessoas que perderam parentes pela covid-19. Desenvolvido no âmbito das diretorias de Serviço de Saúde
Mental da SES e de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária da UnB, o
projeto vai oferecer intervenção psicossocial com atendimento online e em
grupos de 15 pessoas. A procura foi tão grande que, menos de 24 horas após o
anúncio do serviço, as 285 vagas disponibilizadas se esgotaram. Aos
interessados, ainda é possível se cadastrar para uma lista de espera, para
atendimento futuro. Ao todo, está prevista a formação de 19 grupos de apoio, cada
grupo com 15 pessoas, coordenados por uma dupla de psicólogos. Serão seis
encontros virtuais, com duas horas de duração, a partir da segunda quinzena de
junho. Pandemia e luto A pandemia de covid-19 trouxe uma relação inédita com a
morte, já que há mais de um ano são registradas mortes diárias. Embora o número de óbitos pela doença esteja caindo
gradualmente, desde o início da pandemia quase meio milhão de brasileiros e
brasileiras experimentaram a dor de perder um parente ou um amigo. A diretora de Serviços de Saúde Mental da SES, psicóloga
Vanessa Soublin, explica que com o isolamento imposto pela pandemia, muitas
famílias não puderam viver os rituais tradicionais do luto, como funeral e
enterro - que auxiliam a processar essa perda. “As pessoas não puderam se despedir, não puderam vivenciar
os últimos momentos do ente que perderam. Isso tudo acaba agravando o luto.
Então, é muito importante ter esse momento para poder refletir, para poder
refazer vínculos e pra poder realmente superar esse momento”, destacou. A brasiliense aposentada Arimá Gois de Pinho, de 60 anos,
perdeu dois irmãos para a covid-19, em menos de 10 dias, em março deste ano.
Ela conta que ainda não superou a dor de perder a irmã, Maria Auxiliadora de 62
anos, e o irmão José, que tinha 61 anos. “Estamos ainda aprendendo a lidar com
essa dor. Somos 11 irmãs e cinco homens e nós, as mulheres, éramos muito
unidas”, conta. Como Maria Auxiliadora (apelidada na família de Neguinha)
tinha comorbidades, desde o início da pandemia, Arimá e as outras irmãs já
estavam mantendo uma distância maior. “Neguinha era muito alegre. Estava sempre
sorrindo. Desde que começou o isolamento já estava difícil ficar longe dela. O
que ninguém esperava é que no fim, essa distância, essa separação, fosse durar
pra sempre”, relata emocionada. Católica, Arimá se apegou à fé. Ela elogiou a iniciativa da
SES e encaminhou as informações para as duas sobrinhas que perderam a mãe.
“Minhas sobrinhas estão sofrendo demais e esse apoio do governo é fundamental e
necessário. É muita gente perdendo pessoas queridas todos os dias que precisam
de ajuda pra seguir adiante”. A psicóloga Vanessa explica que, embora o luto seja um
processo natural da vida, algumas pessoas têm mais dificuldade em lidar com a
dor e podem desenvolver transtornos mentais agravados, como depressão: “Tem uma
porcentagem das pessoas que, normalmente, já tem um luto agravado, que
desencadeia um sofrimento mental, um transtorno mental, algo maior do que o que
é esperado normalmente”. Capacitação Para proporcionar esse acolhimento, Vanessa conta que
psicólogos da Secretaria de Saúde estão realizando um curso de formação
específico, em parceria com a UnB. A universidade também vai auxiliar na
implementação dos grupos. “A gente procurou a Universidade de Brasília, que já vinha
desenvolvendo essa ação [de assistência a enlutados] desde o começo do ano
passado e eles propuseram uma capacitação [dos psicólogos da SES] para a
implementação conjunta [do projeto]”. Serviço Interessados em participar de grupo futuramente devem enviar
um e-mail para o endereço gerenciadepsicologia.ses@gmail.com, com nome completo
e telefone de contato.
O cadastro para a lista de espera de novos atendimentos também
pode ser feito pela internet (CLIQUE AQUI). Agência Brasil, com Foto: Pixabay
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