18/06/2021
Adolescente de 14 anos grava o próprio estupro após ser abusada por seis anos pelo padrasto
PRAIA GRANDE, SP - Uma adolescente de 14 anos gravou um
vídeo sendo estuprada pelo padrasto, de 44, e denunciou abusos sexuais
cometidos por ele há pelo menos seis anos, em Praia Grande, no litoral de São
Paulo. Segundo a garota, ela decidiu que só contaria à família quando tomasse
coragem e tivesse provas do crime. A irmã mais velha da vítima contou ao G1, nesta quinta-feira
(17), que os abusos aconteciam desde quando a menina tinha apenas 7 anos. O
homem é casado há 12 com a mãe dela, e há alguns meses os abusos estavam se
tornando cada vez mais frequentes. Para não ser denunciado, de acordo com o relato, ele
ameaçava a garota, e também pegava o celular dela antes dos abusos, para que
não fosse registrado de nenhuma forma. Além disso, não havia diálogo entre a
menina e a mãe. "Minha mãe nunca falou sobre sexo com ela [vítima]. Ela
só foi entender o que estava acontecendo com 12 anos, na escola", conta a
irmã da vítima, que prefere não se identificar. No entanto, no mês passado, ele pensou que a menina
estivesse dormindo e começou a praticar o abuso sexual. Ela acordou e, com o
celular escondido, conseguiu gravar momentos do crime. Na semana seguinte à gravação, ela procurou a irmã mais
velha, que não mora com eles, para denunciar o estupro. As duas contaram à mãe
e, após ver o vídeo, as três foram à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de
Praia Grande registrar a denúncia. "Ela [mãe] não iria só acreditar em palavras, ela era
muito apaixonada por ele [padrasto]. Quando ela viu o vídeo, ficou
paralisada", disse a irmã da vítima ao G1. “Peças se encaixaram” A irmã diz que, quando soube do crime e viu o vídeo da
adolescente sendo abusada, as "peças se encaixaram" com relação ao
comportamento do padrasto com as enteadas. "As brincadeiras dele em
família sempre foram de abraçar, pegar na bunda. Tudo coisas estranhas. As
peças foram se encaixando quando ela me contou", disse. Além disso, a adolescente não tinha como escapar dos abusos,
pois ele tinha acesso a todos os cômodos da casa. "São quatro quartos. Ele
tinha a chave de todos. Mesmo se minha irmã trancasse, ele conseguia abrir.
Minha mãe confiava tanto nele que dava as chaves". “Possuído” Após a denúncia à polícia, quando a família decidiu
confrontar o homem e expulsá-lo de casa, ele chegou a confessar o crime para a
esposa, segundo conta a irmã. "Minha mãe conversou com ele, chorando. Ele
confessou para ela, e falou que era tudo culpa do diabo", relata. "Disse que se arrepende, que espera que a família
perdoe ele. Disse que, à noite, algo puxava ele e falava para ele fazer, que
era mais forte que ele, que estava possuído. Ele disse que sabe que estragou
uma vida, mas falou tentando comover minha mãe", completa a irmã. Em seguida, ele foi expulso do local, com o apoio da Polícia
Civil, que acompanhou a família até a residência. Investigação Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de
Defesa da Mulher de Praia Grande, que investiga o caso. A adolescente passou
por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), mas o resultado
ainda não ficou pronto. Segundo apurado pelo G1, a Polícia Civil solicitou à Justiça
a prisão preventiva do suspeito assim que recebeu a denúncia com o vídeo, mas o
pedido não foi acatado pelo juiz de plantão. Mesmo assim, foi pedida a medida
protetiva de urgência, com deferimento de distanciamento mínimo de 500 metros
da vítima.
O G1 não conseguiu localizar o suspeito ou o advogado do
suspeito para falar sobre o assunto. G1, com Foto: G1/Santos-SP
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