19/06/2021
Vacinação evitou 43 mil mortes de idosos por Covid-19 em 13 semanas no Brasil, diz pesquisa
PELOTAS, RS - Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) estimou que o avanço da vacinação contra a covid-19 é responsável pela
prevenção de mais de 40 mil mortes de idosos em um intervalo de treze semanas
no Brasil. Os dados, divulgados ontem (17), são de levantamento realizado pelo
Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, em parceria com a Universidade
Harvard e o Ministério da Saúde. Os cálculos revelaram que, se o número de mortes entre os
mais idosos tivesse seguido a mesma tendência observada para os brasileiros
mais jovens, seriam esperadas 70.015 mortes de pessoas de 80 anos ou mais. No
entanto, foram registradas 37.401 mortes no período. Entre as pessoas de 70 a
79 anos, a expectativa de mortes era de 20.238 contra 13.838 registradas.
Somando as estimativas para ambas as faixas etárias, foram evitadas as mortes
de 43.082 idosos no país. “Encontramos evidências de que, embora a disseminação da
variante P.1 (gama) tenha levado ao aumento das mortes por covid-19 em todas as
idades, a proporção de óbitos entre os idosos começou a cair rapidamente a
partir da segunda quinzena de fevereiro de 2021. Até então, essa proporção
tinha se mantido estável em torno de 25% a 30% desde o início da epidemia, mas
se encontra agora abaixo de 13%”, disse o epidemiologista da UFPel e líder do
estudo, Cesar Victora. Ele acrescentou que as “análises de óbitos por outras causas
mostram que o declínio proporcional entre os idosos é específico para as mortes
por covid-19”. Os pesquisadores concluíram, portanto, que o avanço da campanha
de vacinação contra a doença está associado às quedas progressivas na proporção
de mortes de idosos pelo novo coronavírus no Brasil. Victora avalia que a principal contribuição do levantamento
é fornecer evidências sobre a efetividade do programa de vacinação no Brasil
como um todo, em um cenário onde a variante gama atualmente predomina,
confirmando os achados de estudos anteriores realizados em grupos populacionais
mais restritos. “Como o distanciamento social e uso de máscara estão sendo
adotados de forma limitada na maior parte do país, o rápido aumento da
vacinação permanece como a abordagem mais promissora para controlar a
pandemia”, concluiu o pesquisador. Detalhes do estudo Para o levantamento, os pesquisadores analisaram as
tendências de mortes por covid-19 e por outras causas não relacionadas ao novo
coronavírus no período de 3 de janeiro a 27 de maio de 2021, com base em dados
sobre óbitos e cobertura vacinal registrados pelo Ministério da Saúde. No
período, o país registrou 238.414 mortes por covid-19 e 447.817 mortes por
outras causas. Os resultados revelaram que número de mortes por covid-19 em
todas as idades aumentou a partir do final de fevereiro em decorrência da
rápida disseminação da variante gama para todo o país. Os níveis nacionais de cobertura com a primeira dose da
vacina alcançaram metade dos idosos de 80 anos ou mais na primeira quinzena de
fevereiro e passaram dos 80% na quinzena seguinte, com estabilidade em torno de
95% a partir de março. Os pesquisadores observaram que, em paralelo, o percentual
de mortes de idosos caiu de 28% do total de óbitos por covid-19, em janeiro,
para 12%, em maio, com início de queda acentuada a partir da segunda metade de
fevereiro. Enquanto a proporção de mortes nesse grupo por causas não
relacionadas à covid-19 permaneceu estável em quase 30% no mesmo período. Para a faixa etária de 70 a 79 anos, a cobertura vacinal com
a primeira dose atingiu metade da população na última semana de março,
alcançando 90% na primeira metade de maio. A proporção de mortes por covid-19
nesse grupo permaneceu em torno de 25% do total de mortes pela doença até a
segunda semana de abril. A partir daquele momento, essa proporção de mortes por
covid-19 começou a diminuir de forma acentuada, chegando a 16% na última semana
de maio. Entre esses idosos, a proporção de mortes por outras causas permaneceu
estável em torno de 20%.
Ainda de acordo com o estudo da UFPel, a vacina CoronaVac
representou 65,4% e a AstraZeneca/Oxford 29,8% de todas as doses administradas
ao longo do mês de janeiro, enquanto as porcentagens foram de 36,5% para
CoronaVac e 53,3% para AstraZeneca/Oxford no período entre meados de abril e
metade de maio. Agência Brasil, com Foto: Arquivo/Codecom-PMCG
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