18/07/2021
Bolsonaro defende novo medicamento sem eficácia comprovada para tratamento da Covid-19
SÃO PAULO, SP – Quatro dias após o Ministério da Saúde ter
enviado documento à CPI da Covid afirmando que desaconselha o uso de
medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, o
presidente Jair Bolsonaro voltou a defender um novo medicamento sem eficácia comprovada
para tratar a doença no Brasil. Após receber alta médica neste domingo e conversar com jornalistas
na saída do Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, onde ficou
internado para tratar uma obstrução intestinal, Bolsonaro disse que vai pedir ao
ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo sobre a proxalutamida, uma droga
usada no tratamento de câncer e que, segundo o presidente, tem obtido resultados
no tratamento da Covod-19 em outros países. “É uma droga que está sendo estudada e que em alguns países
têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada
cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente
faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos
que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei
nenhuma. Até quando, lá atrás, eu zerei os impostos da vitamina D”, afirmou o
presidente. O presidente foi internado na manhã do dia 14 no Hospital
das Forças Armadas (HFA), em Brasília, com uma crise persistente de soluços e
mal-estar. Após exames, Bolsonaro foi diagnosticado com um quadro de obstrução
intestinal. No mesmo dia ele foi transferido para São Paulo por decisão do
médico Antonio Luiz Macedo, responsável pelas cirurgias no abdômen do presidente,
e internado no Hospital Vila Nova Star, disse a Agência Brasil. De acordo com o jornal O Globo, a proxalutamida começou a
ser associada a um possível tratamento para a Covid-19 em março, quando a
agência reguladora americana (FDA) aprovou um pedido de investigação para uso
do medicamento em casos de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Como é um fármaco bloqueador de hormônios masculinos
(anti-androgênico), a expectativa era que seria também capaz de bloquear a
entrada do vírus no organismo. Isso porque estudos já mostraram que, para
infectar uma pessoa, o Sars-CoV-2 entra nas células por um marcador chamado
ECA-2, mais presente em pessoas que apresentam mais testosterona. Mas ainda não
há comprovação de que esse bloqueio aconteça de fato para a Covid, segundo
informou O Globo.
Em janeiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Infectologia
publicou nota desaconselhando o tratamento precoce contra a Covid-19. “A SBI
não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer
medicamento, porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle
existentes até o momento não mostraram benefício”, afirmou a entidade. Da Redação, com Foto: Annie Zanetti/TV Brasil
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