04/08/2021
Ministério Público Federal abre três investigações sobre política ambiental de Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - A Procuradoria da República do Distrito
Federal determinou a abertura de três inquéritos civis para apurar atos do
governo Bolsonaro na área ambiental. Serão apurados: - militarização de cargos de chefia no âmbito do IBAMA e
mudanças de regramento em prejuízo à sua função institucional. - divulgação pela Secretaria de Comunicação Social da
Presidência de dados supostamente divergentes relacionados às queimadas no Brasil
nos últimos 10 anos. - o aumento do número de agrotóxicos liberados nos anos de
2019 e 2020. As investigações vão analisar se os atos tomados pelas
autoridades envolvidas podem caracterizar, por exemplo, improbidade
administrativa. Os inquéritos foram abertos por determinação do procurador
da República Felipe Braga. Nessas três frentes, o procurador fez uma análise preliminar
antes de decidir sobre a abertura dos inquéritos e avaliou que é necessário
formalizar a abertura das investigações para aprofundar os casos e decidir
eventuais responsabilização. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o governo
liberou 493 agrotóxicos no ano passado, o maior número dos últimos 20 anos. A gestão de Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio
Ambiente foi marcada pela nomeação de policiais militares para cargos
comissionados, diretorias da sede do Ibama e também superintendências. Ele deixou o governo em junho, pressionado por duas
investigações que envolvem a sua suposta participação em esquema de madeira
ilegal na Amazônia. O ex-ministro já vinha desgastado por sua política ambiental
de impactos negativos internacional para o Brasil e ainda por ser acusado de
atuar contra a fiscalização e proteção ambiental. Em 2020, a Secom publicou informações incorretas sobre as
queimadas registradas no país no ano passado. A mensagem postada no perfil da
pasta em uma rede social afirmava: “Mesmo com os focos de incêndio que acometem o pantanal e
outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a
menor dos últimos 18 anos. Dados do 'instituto nacional de pesquisas espaciais,
o Inpe,' revelam que 2007 foi o ano em que o brasil mais sofreu com as
queimadas.” A mensagem publicada pela Secom desconsidera uma observação
que a própria imagem postada traz: os números de 2020 se referem aos oito
primeiros meses do ano – janeiro a agosto, enquanto os dados dos outros anos
consideram os doze meses. O Inpe afirma que a mensagem da Secretaria de Comunicação do
governo não condiz com a forma correta de comparar os dados de cada ano.
O certo, segundo o órgão, é considerar períodos iguais, até
porque há meses em que, naturalmente, há mais queimadas do que em outros. G1, com Foto: Alan Santos/PR
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