28/08/2021
Estudo mostra que variante delta tem o dobro de risco de levar à hospitalização do que a alfa
REINO UNIDO - Pacientes infectados com a variante delta têm
o dobro de chance de serem hospitalizados em comparação com aqueles que foram
infectados pela alfa, que se originou no Reino Unido. Esse é o resultado da
análise feita com o sequenciamento genético das amostras de 43 mil pacientes
britânicos com a Covid-19, com artigo publicado nesta sexta-feira (27) pela
revista "The Lancet". Além disso, a pesquisa também apontou que há um risco 1,5
maior de atendimento de emergência para pessoas infectadas com a variante delta
em comparação com a alfa. A delta tem, portanto, uma chance mais alta de causar
a sobrecarga dos sistemas de saúde, principalmente quando atinge pessoas não
vacinadas e grupos vulneráveis. Um ponto importante do estudo é que a maioria dos pacientes
analisados não estavam completamente imunizados (98%) por qualquer uma das
vacinas contra a Covid-19 disponíveis. Por isso, os dados não podem ser
utilizados para comparar as duas variantes em pacientes que já completaram o
ciclo vacinal. Segundo os autores, no entanto, o estudo reforça a importância
da vacinação contra o coronavírus. "Nossa análise destaca que, na ausência da vacinação,
qualquer surto da delta irá representar um peso maior para a saúde do que em
uma epidemia da alfa. Em primeiro lugar, a vacinação completa é crucial para
reduzir o risco de uma infecção sintomática com a delta, e, ainda mais
importante, para reduzir o risco de uma Covid-19 grave com internação
hospitalar", disse a pesquisadora da Universidade de Cambridge Anne
Presanis, uma das principais autoras. Os pesquisadores fazem ressalvas com relação ao estudo:
alguns grupos demográficos da Inglaterra podem estar mais propensos a buscar
atendimento hospitalar, o que pode apontar alguma mudança nos resultados. Além
disso, os autores não tiveram acesso às condições de saúde prévias dos
pacientes, o que também pode mudar o risco de internação. Vacinas funcionam Com o ciclo vacinal completo, as vacinas têm uma alta taxa
de eficácia contra a variante delta. Uma pesquisa divulgada no final de julho apontou que a
eficácia da vacina da AstraZeneca chega a 67% contra a variante delta após as
duas doses, com resultados entre 61,3% a 71,8%. No caso da Pfizer/BioNTech, o
mesmo índice chega a 88%, com variação entre 85,3% a 90,1%. O artigo foi
assinado por pesquisadores do sistema de saúde do Reino Unido, da Universidade
de Oxford e do Imperial College London. Um outro estudo, mesmo que preliminar, também sugere uma boa
resposta da CoronaVac. Ao menos quatro vacinas de vírus inativado — incluindo a
vacina do Instituto Butantan — provaram sua eficácia "no mundo real"
contra casos graves de Covid-19 causados pela variante delta, segundo o Centro
de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China. Entre os avaliados, cerca de 1,7 mil pacientes receberam as
duas doses da vacina – que poderia ser a CoronaVac, as da Sinopharm (que tem
dois imunizantes usados no país) ou a da Biokangtai. Ao menos 5 mil não haviam
sido vacinados e cerca de 4 mil haviam recebido apenas a primeira dose. De todos os pacientes infectados pela Covid-19, os mais de
10,7 mil, apenas 102 tiveram pneumonia – mas destes, 85 foram em pessoas não
vacinadas (do restante, foram 12 pessoas que receberam apenas a primeira dose
da vacina e 5 entre os que foram completamente vacinados). Já a Janssen anunciou no início de julho que a sua vacina,
também em aplicação no Brasil, é eficaz contra a variante delta, com uma
resposta imunológica que dura pelo menos oito meses.
"Acreditamos que nossa vacina oferece proteção
duradoura contra a Covid-19 e provoca uma atividade neutralizante contra a
variante delta", afirmou o diretor científico da J&J, Paul Stoffels,
em um comunicado da empresa. G1, com foto: Pixabay
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