16/09/2021
CPI da Covid aprova a convocação de uma das ex-mulheres de Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira
(15) a convocação de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair
Bolsonaro. O requerimento, de autoria do senador Alessandro Vieira
(Cidadania-SE), foi aprovado durante depoimento do advogado, empresário e
suposto lobista Marconny Albernaz Ribeiro de Faria, amigo de Cristina e de Jair
Renan Bolsonaro, filho “04” do presidente. A CPI diz ter indícios de que Ana Cristina Siqueira Valle
mantinha relação de proximidade com o lobista e que, a pedido dele, atuou para
fazer indicações para cargos no governo federal. “Como se sabe, o senhor Marconny Faria atuou como lobista da
empresa Precisa Medicamentos, investigada pela CPI da Pandemia em razão de
irregularidades na negociação de compra da vacina Covaxin, de modo que a sua
relação próxima com a ex-esposa do senhor Jair Bolsonaro deve ser amplamente
esclarecida, com vistas a examinar potencial atuação ilícita de ambos no
contexto da pandemia”, afirmou o senador Alessandro Vieira. Nesta quarta, Marconny Albernaz afirmou manter uma relação
de amizade com Jair Renan Bolsonaro e disse que conheceu Ana Cristina por meio
do filho. Ele negou ter negócios com a família. O empresário, no entanto, recorreu ao direito de permanecer
em silêncio quando questionado se Ana Cristina Valle atuou, em nome dele, na
indicação de cargos no governo federal. De acordo com senadores, mensagens obtidas pela CPI mostram
conversas de Marconny buscando a advogada do presidente Jair Bolsonaro, Karina
Kufa, e o ministro Jorge Oliveira, do Tribunal de Contas da União, na tentativa
de emplacar os indicados. “Ele tem que usar o direito constitucional de ficar calado
porque de fato a senhora Ana Cristina Bolsonaro participa, encaminha currículos
de pessoas indicadas pelo senhor Marconny para ocupar cargos no governo
federal. Essas pessoas depois têm tratativas com o senhor Marconny”, afirmou o
senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O senador Rogério Carvalho (PT-SE) apresentou uma das
mensagens. Segundo ele, em agosto do ano passado Marconny Albernaz encaminhou a
Ana Cristina Valle uma mensagem enviada ao ministro Jorge Oliveira – à época,
ele ocupava a Secretaria-Geral da Presidência. “Olha o que estava escrito por Marconny ao ministro Jorge
Oliveira, do TCU: ‘Venho manifestar meu apoio ao Dr. Leandro Cardoso de
Magalhães para assumir o cargo de Defensor Público Federal da Defensoria
Pública da União. É um candidato alinhado com nossos valores técnicos e
apoiador do Presidente Bolsonaro’", leu o senador. Mansão e rachadinha A ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro é alvo de
investigação no caso do esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro. A Justiça do Rio quebrou os sigilos bancário e fiscal de sete
empresas relacionadas a Ana Cristina, além de contas pessoais dela. O Ministério Público suspeita que as empresas tenham sido
usadas para ocultar dinheiro de suposta prática de rachadinha no gabinete do
vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ana Cristina foi chefe de gabinete
de Carlos Bolsonaro entre 2001 e 2008. No início do mês, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Marcelo
Luiz Nogueira confirmou a prática da chamada “rachadinha” no gabinete do então
deputado estadual e disse que devolvia mensalmente cerca de 80% do salário para
Ana Cristina Valle. “Ela determinou o valor e ponto final. ‘Marcelo, vou te dar
tanto’. Eu tinha que aceitar ou não. Se eu não aceitasse, não teria emprego. Eu
estava desempregado, na merda, morava mal na época, sozinho. Vou falar que não?
Aquilo para mim já estava muito além do mercado na época. Então, abracei”,
declarou ao G1.
Nogueira também acusa Ana Cristina de comprar uma mansão,
avaliada em R$ 3,2 milhões, com o uso de laranjas. G1, com foto: Reprodução/TV Globo
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