17/09/2021
Homem mais alto do Brasil, “Ninão” vai amputar perna por causa de infecção
ASSUNÇÃO, PB - Depois de enfrentar inúmeros obstáculos por
causa da estatura, Joelison Fernandes da Silva, de 36 anos, que é considerado o
homem mais alto do Brasil, medindo 2,37 metros, vive um novo desafio. Ninão,
como é popularmente conhecido, não consegue andar e nem ficar de pé por causa
de uma infecção, que também vai provocar a amputação da perna direita dele. Pesando mais de 200 quilos, mesmo tendo se acostumado a
fazer as atividades diárias com o suporte da cadeira de rodas, ele explicou que
“a maior dificuldade agora é a locomoção por dentro da casa” onde mora, em
Assunção, no Sertão da Paraíba. Ninão foi diagnosticado com osteomielite há cerca de quatro
anos e meio, mas já sofre com os sintomas da doença há aproximadamente uma
década. A infecção, que pode ser causada por bactérias ou fungos, atinge o
osso, tendo como um dos principais sintomas a dor. “Eu não sabia o que era. Fui diagnosticando quando já tava
muito avançado [o comprometimento da perna]”, revelou. Quando recebeu pela primeira vez a recomendação de amputação
do membro, depois de mais de três meses internado, ele resolveu voltar para
casa, em uma cadeira de rodas. O objetivo era a busca de outras opiniões
médicas. Mas, para a decepção dele, a reposta para uma melhor
qualidade de vida é sempre a mesma: amputar. Por isso, junto com a família, ele
optou pela cirurgia. “É uma decisão dura e dolorosa, mas pra eu ter uma vida
normal, é mais fácil andar com prótese do que com o pé. A gente decidiu fazer a
amputação com a esperança de uma vida melhor, de voltar andar caminhar, andar,
trabalhar, que era o que eu fazia antes. [...] Eu era muito feliz com isso”,
desabafou. Ninão espera voltar a
andar depois da cirurgia Desde então, muitos cuidados são necessários. O curativo na
perna precisa ser feito todos os dias. Para isso, ele conta com o auxílio de
uma equipe da rede municipal de saúde do município ou com a mãe. Ele não tem acompanhamento médico para o tratamento da
perna. Agora, espera pela marcação da cirurgia, enquanto alimenta do sonho da
volta para a vida que tinha antes. O procedimento será feito pela rede pública de saúde, mas
ele ainda aguarda saber em qual hospital. Depois, a pretensão do paraibano é usar uma prótese. Para
comprá-la, ele está fazendo uma campanha para arrecadação de doações na
internet, “para realizar o sonho de voltar a andar”. Dificuldade de
locomoção impediu Ninão de trabalhar Ninão também precisa de medicamentos para conter a infecção.
Os gastos mensais com remédios são de aproximadamente R$ 500, quase metade da
renda da família. Desde que se locomove em uma cadeira de rodas, ele não
consegue trabalhar, e lamenta pelas oportunidades perdidas. Antes da infecção,
ele costumava fazer comerciais e era convidado para participar de eventos pelo
país inteiro. Atualmente, o paraibano mora com a esposa. A renda do casal
corresponde a um salário mínimo, da aposentadoria que ele recebe desde 2012, e
de alguns trabalhos de decoração que a companheira dele faz. As doações dos
amigos também têm auxiliado. “Chega uma visita, vê a situação e dá uma ajuda”, contou. ‘Passei 21 anos da
minha vida escondido num sítio porque tinha vergonha’ O paraibano, natural de Taperoá, descobriu o gigantismo aos
14 anos, quanto media 1,95 metro. Teve a opção de fazer uma cirurgia para parar
o crescimento, mas não fez por medo dos riscos do procedimento. Parou de
crescer há quatro anos com a ajuda de remédios. Antes de se tornar uma celebridade, Ninão tinha vergonha de
todos os olhares de admiração voltados para ele. “Sofri, sofri muito. Passei 21 anos da minha vida num sítio
porque tinha vergonha vir na cidade. O povo olhava. Parei de estudar também
devido a isso”, lembrou. Depois que ficou nacionalmente conhecido, ele conseguiu
retomar os estudos e concluir o ensino médio.
“Fui me acostumando com as pessoas”, finalizou. G1, com foto: Arquivo Pessoal
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