18/10/2021
CNBB quer ação contra deputado bolsonarista que chamou o papa de “safado”, “vagabundo” e “pedófilo”
SÃO PAULO, SP - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) pediu medidas internas “eficazes, legais e regimentais” contra o
deputado bolsonarista Frederico D’Avila (PSL-SP). Na última quinta-feira
(14/10), o parlamentar chamou o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, e
o papa Francisco de “safados”, “vagabundos” e “pedófilos” durante sessão na
Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Por meio de nota ao qual o Metrópoles teve acesso, a CNBB
declarou repúdio aos ataques do parlamentar. De acordo com a instituição, o
congressista fez comentários com “ódio descontrolado” e, assim, “feriu a missão
parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias
competentes”. A entidade também destacou que a Alesp deve tomar medidas
eficazes em relação ao episódio. “Defensora e comprometida com o Estado
Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa
legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais
e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção
à sua gravidade”, afirmou no documento. “A CNBB, prontamente, comprometida com a verdade e o bem do
povo de Deus, a quem serve, tratará esse assunto grave nos parâmetros judiciais
cabíveis”, anunciou. A Opus Dei, organização católica ultraortodoxa, também
reagiu aos insultos de D’Avila, por meio de nota. Leia a íntegra: “A Prelazia do Opus
Dei no Brasil manifesta seu repúdio às declarações do deputado estadual
Frederico D’Avila no último dia 14 de outubro. A Prelazia, cujas
finalidades são exclusivamente espirituais e apostólicas, sempre viveu e
fomentou – pois esse é o espírito ensinado pelo seu fundador, São Josemaria
Escrivá – veneração pelo Santo Padre e união ao colégio episcopal e à
Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil.” Pe. Fábio Henrique
Carvalheiro Vigário regional da
Prelazia do Opus Dei no Brasil Contexto As ofensas do parlamentar foram uma resposta ao discurso de
dom Orlando na última terça-feira (12/10), durante a missa pelo Dia de Nossa
Senhora Aparecida. Na ocasião, o arcebispo fez críticas à política armamentista
de Jair Bolsonaro e defendeu a ciência e a vacina. O chefe do Executivo se pronunciou sobre a declaração do
clérigo na quarta-feira (13/10), e acusou a imprensa de veicular o fato apenas
no dia em que ele havia chegado à Aparecida. “No dia 11, em Brasília, o bispo disse que ‘pátria amada não
é pátria armada’, respeito a opinião dele. Somente no dia seguinte, quando
estive em Aparecida, que a imprensa falou que ele disse isso no dia 12. Ele não
falou, ele é uma pessoa educada. Não iríamos discutir abertamente aí, até
porque não tinha microfone, não tinha como discutir. Respeito os bispos e todos
que têm uma posição diferente da minha”, destacou Bolsonaro.
Diante disso, o deputado veio em defesa ao presidente: “Seu
safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população
brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que
não se submete a essa gentalha. “Seu vagabundo, safado, que se submete a esse
papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do
bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar
usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus
pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil.” Metrópoles, com foto: Vatican News
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