01/11/2021
Não sou tão mau quanto dizem, diz Bolsonaro à chanceler da Alemanha, referindo-se à imprensa
ROMA, ITÁLIA - Durante um jantar organizado em Roma por
ocasião da cúpula do G20, o presidente Jair Bolsonaro conversou com a chanceler
da Alemanha, Angela Merkel. No bate-papo informal, o líder brasileiro disse não
ser tão mal quanto a mídia, em sua própria análise, o retrata, de acordo com informações
da agência de notícias Bloomberg. Segundo a agência americana, a chanceler alemã se aproximou
de Bolsonaro e os dois tiveram “uma conversa excepcionalmente aberta que se
transformou em um bate-papo amigável, de acordo com duas autoridades que testemunharam
a cena”. Durante o breve encontro, Merkel sinalizou entender a
posição do presidente brasileiro, segundo as fontes ouvidas. Ela então o
questionou sobre qual é o maior problema que ele tem enfrentado na gestão do
país, ao que Bolsonaro respondeu ser a disparada dos preços do gás. De acordo com a agência Bloomberg, Merkel, ao contrário de
outros líderes do G20, defende manter abertas as linhas de contato com
Bolsonaro. Pesaria nessa defesa a forte parceria comercial Brasil-Alemanha. Bolsonaro viajou à Itália para a realização da cúpula do
G20. Com o fim do encontro de líders, o presidente receberá nesta
segunda-feira, 1, o título de cidadão honorário do município de Anguillara
Veneta, cidade original de sua família na província de Pádua. Em Roma, chefes de
Estado e de governo demonstraram pouco interesse em interagir com Bolsonaro em
resposta ao aumento do desmatamento na Amazônia. Segundo a Bloomberg, Merkel
foi uma das poucas líderes a abordar o presidente brasileiro durante os eventos
do último final de semana. O presidente realizou duas reuniões bilaterais, uma com o
presidente da Itália, anfitrião do evento, e outra com o novo secretário-geral
da OCDE, o grupo de países desenvolvidos que o Brasil busca integrar. Bolsonaro
também teve encontros rápidos com os primeiro-ministros do Reino Unido, Boris
Johnson, e da Índia, Narendra Modi, e com os presidentes da Turquia, Tayyip
Erdogan, do Banco Mundial, David Malpass, e da OMS, Tedros Adhanom. Clima de despedida No domingo 31, Merkel descreveu os resultados alcançados na
cúpula do G20 como um "bom sinal" para a 26ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) em Glasgow, embora tenha admitido que
a crise climática é o "maior problema que o mundo enfrenta no
momento", o que requer uma ação ambiciosa. A chanceler referiu-se nestes termos ao acordo alcançado
pelos líderes do G20 em Roma para manter o teto do aquecimento global em 1,5
grau e tomar medidas para enfrentar a crise climática. O objetivo do G20 era
chegar a um acordo sobre uma posição comum para enviar um sinal poderoso antes
do início da COP26 na cidade escocesa. No entanto, após complexas negociações durante a noite,
apenas um compromisso mínimo foi alcançado. Além disso, não foi possível
especificar a data de descarbonização em 2050 entre as vinte potências e países
emergentes, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.
A cúpula do G20 em Roma teve para Merkel um caráter de
despedida em escala internacional, pois ela deixará o poder após 16 anos no
cargo. A presença do seu provável sucessor, o social-democrata Olaf Scholz, nas
sucessivas reuniões bilaterais mantidas pela chanceler com outros líderes,
incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a atenção. Veja, com foto: Alan Santos/PR
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