29/01/2021
Em nota, Ministério da Defesa diz que leite condensado é para dar energia a militares; chicletes, para higiene bucal
Após repercussão negativa dos gastos do governo federal com
alimentação, o Ministério da Defesa justificou que a aquisição de altas
quantidades de leite condensado para as Forças Armadas se dá pelo “potencial
energético” do item na alimentação de 370 mil homens e mulheres que realizam
refeições em 1,6 mil instalações militares em todo o País. Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 27, a pasta
chefiada pelo general Fernando Azevedo e Silva afirmou que o contingente
militar é “predominantemente jovem, o que pode aumentar as quantidades
consumidas”. “O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação
por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao
leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco,
que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas", diz
a nota. Em 2020, o governo federal gastou cerca de R$ 15,6 milhões
com leite condensado. Os dados estão no painel de compras do governo, ligado ao
Ministério da Economia, e foram apresentados em reportagem publicada pelo
portal Metrópoles. O Ministério da Defesa é o órgão que mais comprou leite
condensado no ano. A despesa despertou uma série de críticas nas redes sociais
e cobrança de explicações por parte de integrantes da oposição. A nota da Defesa também justificou o gasto de R$ 2,2 milhões
com chicletes pelo governo federal. De acordo com a pasta, “o produto ajuda na
higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada,
como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a
atividade aérea”. O comunicado acrescenta que os valores são todos compatíveis
com as missões e tarefas desempenhadas. Além disso, ressaltou que considera um
gasto de R$ 9 reais por dia, por militar. O valor não é reajustado desde 2017.
“As Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio
de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade
adequadas, composta por diferentes itens”, frisa o texto. Após a repercussão das compras, publicações nas redes
sociais passaram a distorcer o levantamento do Metrópoles, atribuindo toda a
compra dos itens alimentícios ao presidente Jair Bolsonaro. O R$ 1,8 bilhão
gasto com alimentos diz respeito a todo o governo federal, incluindo atividades
voltadas à educação e a programas sociais dos ministérios.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro atacou a imprensa por revelar
os gastos do seu governo. “Quando vejo a imprensa me atacar dizendo que comprei
2 milhões e meio de latas de leite condensado, vai pra p* que o pariu, imprensa
de m*! É pra enfiar no r* de vocês da imprensa essas latas de leite
condensado”, disse. Estadão
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