29/01/2021
Ex-ministro Mandetta afirma que nova cepa do coronavírus pode gerar uma megaepidemia no Brasil
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou
nesta quarta-feira (27), que o Brasil pode ter uma megaepidemia causada pela
nova variante do coronavírus, identificada em Manaus, em aproximadamente 60
dias. Mandetta também fez um alerta sobre a falta de cuidados ao transferir
pacientes para outros Estados. "Hoje nós temos quatro grandes crises sanitárias. E
entrando a quinta crise que é essa história, dessa Cepa, dessa variante de
Manaus, que o mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e o Brasil
está, não só aberto normalmente, como está retirando paciente de Manaus e
mandando para Goiás, mandando para a Bahia, mandando para outros lugares sem
fazer os bloqueios de biossegurança", disse o ex-ministro durante entrevista
ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura. O avanço da cepa é apontado como uma das razões para a
explosão de casos e o consequente colapso no sistema de saúde no Amazonas.
Segundo estudos feitos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e
Fiocruz Amazonas, a cepa teria surgido em Manaus em dezembro e vem se
disseminando com rapidez. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
variante encontrada no Brasil já é vista em oito países. O ex-ministro, que deixou o governo em abril do ano passado,
também voltou a comentar sobre as divergências com o presidente Jair Bolsonaro.
"Nós tínhamos uma doença nova e um sistema com problemas antigos. Eu tinha
que proteger esse sistema e reorganizar dentro de um ambiente de governo extremamente
hostil a qualquer iniciativa de reorganização", disse Mandetta,
relembrando que optou por ter uma comunicação direta com a população.
"Como não tinha campanha do governo e o presidente fazia o contrário, eu
passei a me comunicar com a sociedade para que ela construísse uma linha de
defesa."
Questionado sobre as atuais vacinas contra a covid-19,
Mandetta afirmou que o imunizante desenvolvido pelos laboratórios Pfizer e
BioNTech é o que chama mais atenção, mas comenta sobre as necessidades do
Brasil. "Para um País que não tem como chegar uma vacina a -70 graus em
todos os rincões, a vacina tanto da Coronavac, quando da AstraZeneca, são
aquelas que melhor se aplicam aqui", disse. "E eu vou tomar aquela
que estiver disponível para mim", complementa. Estadão
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