28/11/2021
Bolsonaro ironiza veto a absorventes: “A mulher começou a menstruar no meu governo”
BRASÍLIA, DF - O presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar
o veto à distribuição gratuita de absorventes higiênicos para mulheres em
situação de vulnerabilidade. Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da
Alvorada, o chefe do Executivo ironizou que as mulheres começaram a menstruar
em seu governo e repetiu a alegação de que o projeto não apresentava fonte de
custeio. "Não sabia, a mulher começou a menstruar no meu
governo. No governo do PT não menstruava, no do PSDB não menstruava também. O
cara apresenta um projeto, mas não apresenta a fonte de recurso. Se eu sanciono,
se não tiver de onde vem o recurso, é crime de responsabilidade. Se o PT
voltar, as mulheres vão deixar de menstruar e está tudo resolvido",
ironizou. "A gente sabe o que é isso, a dificuldade da mulher que
não tem recurso, a gente sabe disso. Agora, tudo joga na conta do Estado, sem
responsabilidade. Qualquer coisa que eu faça para ajudar alguém, outro alguém
vai ter que pagar, ou dinheiro cai do céu?", completou. Em outubro, o presidente vetou a distribuição gratuita de
absorvente menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e
mulheres em situação de rua ou de extrema vulnerabilidade. O projeto é de autoria da deputada federal Marília Arraes
(PT-PE). Bolsonaro vetou na data, ainda, o trecho que incluía absorventes nas
cestas básicas distribuídas pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Sisan) e manteve um trecho que institui "estratégia para
promoção da saúde e atenção à higiene feminina", além da promoção de
campanhas informativas e de conscientização da população acerca da importância
do tema. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) destacou que, ao contrário
do justificado, o PL especifica a fonte de recursos que viria do SUS, Fundo
Penitenciário e também do Ministério da Educação.
Em maio, uma pesquisa encomendada pela Always sobre pobreza
menstrual mostrou que uma em cada quatro mulheres já faltou a aula por não
poder comprar absorventes. Dessas, quase metade - 48% - tentou esconder que o
motivo foi a falta de absorventes e 45% acreditam que não ir à aula por falta
de absorvente impactou negativamente seu rendimento escolar. EM, com foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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