02/12/2021

Disparada de Preços: boi e frango sobem mais de 40% no ano até setembro, mostra Ipea



SÃO PAULO, SP - Os preços do boi gordo e do frango subiram mais de 40% no campo entre janeiro e setembro deste ano, na comparação o mesmo período de 2020, mostra o relatório "Mercados e Preços Agropecuários" divulgado nessa quarta-feira (1) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

Somente o valor do boi avançou 46,3%, enquanto o do frango abatido (inteiro e resfriado) registrou alta de 44,2%. 

No mesmo período, o preço pago ao produtor de carne suína subiu 19,7%. Os dados do Ipea têm como base os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). 

Boi gordo 

Apesar da forte alta no ano, o preço do boi gordo chegou a recuar 0,8% no terceiro trimestre de 2021, em relação ao segundo trimestre, por causa da suspensão das importações da China, após a confirmação de dois casos atípicos do mal da vaca louca notificados em Minas Gerais e Mato Grosso, no dia 4 de setembro. 

"Diante do embargo chinês (seguido por Hong Kong) à carne bovina brasileira, não foram encontrados, pelo menos no mês de outubro e nas duas primeiras semanas de novembro, outras praças para colocação desse produto em volume minimamente próximo ao que vinha sendo enviado pelo Brasil nos meses anteriores", afirma o Ipea. 

A China compra quase metade das cerca de 2 milhões toneladas de carne que o Brasil envia a outros países, por ano. 

O país asiático ainda mantém o veto às exportações brasileiras, apesar de terem liberado a importação de lotes que foram certificados antes do embargo. 

Com o embargo, os pecuaristas diminuíram os abates e a queda dos preços foi reforçada pela entrada de animais de confinamento no mercado nacional. O preço do boi, entretanto, já voltou a subir. 

Segundo o Ipea, a seca prolongada e o elevado preço dos grãos - que aumentaram o custo da ração animal - dificultaram o aumento de oferta de animais em diferentes regiões ao longo de 2021, o que continuará pressionando os preços no início de 2022. 

"Esse movimento tende a ser compensado ao longo do ano que vem com a recuperação do rebanho australiano e com o aumento no peso médio da carcaça pelo maior percentual de machos abatidos", diz o relatório. 

Carne de frango 

Com o avanço dos preços da carne bovina, o frango tem sido uma das alternativas de consumo de proteína animal. 

E, diante da maior procura, os preços, tanto do animal vivo quanto da carne de frango, chegaram a atingir em setembro patamares recordes reais da série histórica do Cepea. 

Somente no terceiro trimestre, o preço do frango (abatido e resfriado) chegou a subir 23,3%, em relação aos meses de abril a junho. 

Outro fator que tem contribuído para a alta de preço é o aumento das exportações. 

O volume de carne de frango embarcado pelo Brasil no acumulado do ano (janeiro a outubro) teve alta de 9,7% em relação ao mesmo período de 2020, puxado por países da África e da América Latina. 

E a expectativa é de que os valores continuem em alta, mesmo com a proximidade do final de ano, quando, geralmente, há um aumento na demanda por outras carnes, como a suína, a bovina e as de aves natalinas. 

Isso deve ocorrer justamente por causa do aumento da procura por proteínas mais baratas e das exportações em alta. 

Carne suína 

O preço médio de comercialização da carne suína no atacado caiu 3,2% no terceiro trimestre, frente ao trimestre anterior. 

Além da queda na demanda doméstica, as exportações também apresentaram leve recuo, contribuindo para a pressão negativa sobre os preços, diz o Ipea. 

No último trimestre do ano, a expectativa sazonal é de aumento na demanda por carne suína devido às festividades da época, o que costuma resultar em alta nos preços domésticos. 

"No entanto, em 2021, esse movimento de alta pode ser mais comedido frente aos anos anteriores, tendo em vista o enfraquecimento da demanda doméstica e a potencial queda nas exportações da proteína", diz o Ipea. 

Apesar do bom ritmo de embarques constatado atualmente e de os volumes negociados em 2021 estarem acima dos comercializados no mesmo período do ano passado, é esperado que as exportações recuem nos últimos meses do ano.

g1, com foto: Pixabay

Notícias no seu email

Receba nossas notícias diretamente no seu email. Cadastre-se.

Newsletter