02/12/2021
Feto entregue por mulher para vizinha colocar na geladeira nasceu vivo, diz polícia
BELO HORIZONTE, MG - “Este é um crime repugnante, macabro”.
A conclusão é do delegado Alexandre Fonseca, da Delegacia de Homicídios do
Barreiro, que investiga o encontro nesta terça-feira (30/11) de um bebê
enrolado numa cinta e envolvido por duas sacolas plásticas, escondido dentro de
um congelador, e foi repassado pela mãe para um vizinha, há um ano. A descoberta
ocorreu após a dona da casa fazer uma limpeza no congelador dela e, ao
desenrolar o embrulho, se deparou com o feto. Segundo a investigação, o bebê nasceu com vida, 48
centímetros e 2,490 quilos, entre a 35ª e a 37ª semana de gestação. De acordo
com o exame de necropsia do Instituto Médico-Legal, a criança, do sexo
feminino, "era viável e que nasceu com vida, apresentando maturidade
pulmonar." Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (2/12), o delegado
detalhou o caso e inocentou a mulher que encontrou o bebê. “Ela é evangélica e
contou que, há um ano, sua vizinha pediu-lhe para guardar um embrulho de carne,
pois não tinha geladeira e seria preciso congelar o produto. Passado um ano,
ela resolveu procurar a dona do embrulho que disse para guardar por um pouco
mais de tempo, que ela iria apanhá-lo, o que nunca ocorreu”. Diante da situação, a vizinha resolveu limpar o congelador
e, ao apanhar o embrulho, resolveu ver o que era, abrindo-o. “Qual não foi o
susto ao deparar com o feto? Ela resolveu, então, procurar pelo pastor de sua
igreja, que é um policial militar aposentado e este a orientou a procurar a
polícia”, contou o delegado. Aborto induzido A partir daí, começou a investigação, com a prisão da
suposta mãe, que já tem dois filhos e confessou o crime. Primeiro, ela disse
que teve um aborto espontâneo. Depois, mudou a versão e afirmou ter tomado um
chá abortivo. Só no terceiro interrogatório ela admitiu ter forçado o aborto. “Ela disse que não
queria ter a criança e que usava uma cinta para esconder a gravidez. Procurou,
então, na internet, informações sobre abortos em Belo Horizonte e descobriu um
aborteira no centro de BH”. A mulher juntou dinheiro e pagou R$ 1.300 por um remédio
abortivo. “Ela disse que foi para um hotel, onde tomou o remédio e fez o
aborto. Estava sozinha. Contou também que, assim que a criança nasceu, ela
desmaiou e ao recobrar os sentidos, viu que a criança estava morta”, afirma o
delegado Alexandre. Depois de abortar, ela pegou a placenta e a jogou no vaso
sanitário, dando descarga. Como o feto não cabia neste, resolveu enrolá-lo na
cinta e em seguida em dois sacos plásticos, retornando para casa, entregando o
embrulho à vizinha, dizendo que era uma carne e que precisaria congelá-la, para
não perdê-la. E que pegaria posteriormente. “Mas passou-se um ano e nesse
momento, embora a vizinha tentasse devolver o embrulho, nunca aconteceu”, diz o
delegado. Ainda segundo o delegado, o abortivo não era suficiente para
matar a criança. “O abortivo só funcionaria entre o terceiro e o quinto mês de
gravidez”, diz. A morte se deu pelo fato do cordão umbilical não ter sido
amarrado, e que por isso se eu a morte do feto. “O laudo determina, aina, que
não existiam fraturas no feto e que possivelmente, passou por uma hipotermia, o
que teria acelerado o processo de morte.” Diante das conclusões do laudo de necropsia, ainda serão
feitos outros exames, como tomografia e DNA. O delegado descarta a hipótes de
crime de aborto, e diz que a mulher responderá pelo crime de ocultação de
cadáver e também por homicídio.
A polícia entrou em contato, também, com o suposto pai. “O
homem, que está na Bahia e é o atual companheiro da mãe, diz que o filho não é
dele. Coloca em dúvida a afirmativa da mãe. No entanto, o exame de DNA apontará
se isso é verdade ou não”, diz o delegado Alexandre, que diz que os outros dois
filhos da mulher, são de ouro pai, fruto de seu primeiro casamento. EM, com foto: PCMG
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