BRASÍLIA, DF - O anúncio feito pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que as crianças no Brasil só serão vacinadas contra a Covid-19 mediante prescrição médica prejudica as crianças de famílias mais carentes. A constatação é de especialistas em saúde pública, que contestam a iniciativa do governo e afirmam que ela é “elitista” e favorecerá as crianças filhas de quem tem maior poder aquisitivo. 

No último dia 23, Queiroga confirmou que, no Brasil a vacina para as crianças estará vinculada à prescrição. “O documento que vai ao ar recomenda a vacina da Pfizer. Nossa recomendação é que não seja aplicado de forma compulsória. Essa vacina estará vinculada a prescrição médica”, disse o ministro. 

O problema é que o acesso à Medicina no Brasil é muito mais fácil para quem tem planos de saúde ou pode pagar por uma consulta médica particular. Com isso, ficará muito mais fácil para estas famílias conseguir a prescrição e garantir a imunização de seus filhos. 

Por outro lado, quem depende da saúde pública irá ”penar” nas intermináveis filas por uma consulta pelo Sistema Único de Saúde – SUS para poder ter, de um médico do SUS, a prescrição que garanta a imunização a seus filhos. 

Absurdo

O epidemiologista Paulo Lotufo, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, criticou o anúncio do governo de que será exigida prescrição médica para a vacina de crianças contra a Covid-19. Em entrevista à CNN Brasil, ele afirmou que as vacinas são seguras e recomendou aos pais que imunizem seus filhos. 

“É um absurdo total (…). Isso não existe e nunca existiu, não faz o menor sentido”, disse Lotufo sobre a exigência de pedido médico para a aplicação de uma vacina. “As vacinas existentes hoje [contra a Covid-19] são todas muito seguras. Até aquela pequena margem em que temos problemas é menor do que nas vacinas corriqueiras, e o benefício que trazem a todos é fantástico”, disse.

Da Redação, com foto: Isac Nóbrega/PR