05/01/2022
Com novos casos de Covid-19, Prefeitura do Rio cancela carnaval de rua
RIO DE JANEIRO, RJ - A prefeitura do Rio de Janeiro decidiu
cancelar os blocos de rua no carnaval de 2022. A decisão foi tomada levando em
conta os dados epidemiológicos, que apontam para um novo aumento de casos de
covid-19 após um período de quedas. Representantes de diversos blocos foram
informados pelo prefeito Eduardo Paes durante uma reunião na tarde desta terça-feira
(4). Em seguida, Paes falou sobre o assunto em uma live. "O carnaval de rua nos moldes que eram feitos até 2020,
já não aconteceu em 2021 e não vai acontecer em 2022. Eu falo aqui como um
prefeito que gosta de carnaval, como um cidadão, mas infelizmente a gente não
pode fazer", disse. Segundo o prefeito, os desfiles no sambódromo estão
mantidos, bem como também poderão ocorrer bailes em locais fechados. Um
protocolo de controle para o público ainda será detalhado. Estar em dia com a
vacinação será um dos pré-requisitos para poder acessar esses eventos. O uso de
máscara também será necessário. "Se podemos ter jogos do Flamengo no Maracanã e jogos
do Vasco em São Januário, podemos ter desfile da Portela, da Mangueira, do
Salgueiro, da Beija-Flor no estádio do samba que é a Marquês de Sapucaí. Basta
que os protocolos adotados para o futebol sejam transferidos. Isso também vale
para as festas em espaço fechado, onde você tem como estabelecer controle. O
carnaval de rua, pela sua própria natureza e pelo aspecto democrático que tem,
gera a impossibilidade de exercer qualquer tipo de fiscalização",
acrescentou Paes. O cancelamento de eventos de carnaval devido à covid-19 tem
se tornado uma realidade em todo o país. Os 29 municípios que fazem parte da
Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais tomaram essa decisão por
unanimidade. O governo da Bahia também desautorizou eventos nas cidades
baianas. No estado do Rio de Janeiro, Niterói e Maricá já seguiram o mesmo
caminho. Alternativa Alguns blocos tradicionais da capital fluminense como a
Banda de Ipanema e o Bloco da Preta, que arrastam multidões, já haviam informado
que não desfilariam neste ano. Outros aguardavam um posicionamento do poder
público, como os 11 vinculados à Associação Independente dos Blocos de Carnaval
de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro (Sebastiana), uma das entidades presentes na reunião com o prefeito. O carnaval de rua do Rio de Janeiro mobilizou nos últimos
anos em que ocorreu cerca de 450 blocos, demandando uma preparação prévia de
diversos órgãos públicos como a Guarda Municipal, a Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET-Rio), a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Conlurb), entre
outros. Também requer estrutura, por exemplo, para a disponibilização de
banheiros químicos. Através de uma chamada pública, a cerveja Brahma havia
fechado um patrocínio de R$39 milhões. Segundo Paes, a empresa Ambev,
responsável pela marca, cobrou nas últimas semanas uma decisão definitiva para
que houvesse tempo hábil de planejar a eventual montagem da estrutura. A prefeitura concordou que precisava dar uma resposta e
chegou a oferecer uma proposta alternativa à patrocinadora e aos blocos:
concentrar em três espaços públicos a apresentação dos blocos, com distribuição
gratuita de ingressos, cobrança da comprovação vacinal e testagem prévia. Os
locais sugeridos eram o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca; o Parque
Madureira, na zona norte; e mais um local na zona oeste a ser definido. A proposta, no entanto, não seduziu representantes dos
blocos, que enfatizam a ligação com os territórios tradicionais por onde desfilam.
A prefeitura informou estar aberta a contrapropostas que sejam consideradas
viáveis. Aumento dos casos Segundo o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, o
aumento de casos está relacionado com a Ômicron, nova variante do coronavírus
causador da covid-19. Ela já vinha se alastrando na Europa desde novembro.
Segundo Soranz, a Ômicron se dissemina de forma mais rápida, mas não tem gerado aumento de casos graves. "Tinha 17 semanas que registrávamos redução dos casos
de covid-19. De repente, a gente começa a ter um aumento de novos casos e isso
é indicativo de uma nova variante. Toda vez que temos uma nova variante
chegando significa que teremos mais casos. Felizmente esses casos não estão
gerando aumento de casos graves, óbitos e internações. Claro que isso ainda é
precoce, estamos avaliando", disse. O secretário enfatizou a importância da terceira dose da
vacina. No Rio de Janeiro, ela já foi aplicada em 30,4% da população com 18
anos ou mais. Soranz comentou ainda sobre os riscos de dupla infecção, diante
do surto de gripe, que se tornou uma nova fonte de preocupação no início do mês
passado. Segundo ele, 17 casos suspeitos de contaminação simultânea de covid-19
e de gripe estão sendo investigados.
"São casos isolados. Não é algo que tenha relevância
epidemiológica. Não tem nenhum tipo de
característica de que isso será uma regra. Pelo contrário, a epidemia de gripe
não existe mais na cidade. Temos 82% a menos de casos do que tínhamos na primeira
semana de dezembro", afirmou. Agência Brasil, com foto: Tomaz Silva
|