09/02/2022
Nilda lembra poema “Abraço das Raças”, condena o racismo e defende a igualdade entre as pessoas
BRASÍLIA, DF - “Os assassinatos, com requinte de crueldade e
extrema covardia, do congolês Moïse Kambagame, de 24 anos de idade, e do
brasileiro Durval Teófilo Filho, de 38 anos, vêm se somar aos inúmeros casos de
violência cometidos no Brasil contra seres humanos e motivados por sentimentos
racistas que já deveriam ter sido banidos em todo o mundo”, comentou a senadora
Nilda Gondim (MDB-PB). Ela afirmou que a sociedade brasileira, por meio de suas
instituições e entidades organizadas, precisa dar um basta ao sentimento
racista (de ódio aos negros) e xenófobo (de aversão aos estrangeiros) que
conduz cada vez mais o Brasil ao passado vergonhoso da escravidão com seu
extremo desprezo aos direitos de cidadãos e cidadãs de todas as idades em razão
da cor da pele. Nilda Gondim citou os casos de Moïse Kambagame, agredido até
a morte, no dia 24 de janeiro, em um quiosque localizado na Barra da Tijuca, no
Rio de Janeiro, e do brasileiro Durval Teófilo Filho, assassinado às 23 horas
de sexta-feira, 04 de fevereiro, ao retornar do trabalho para sua residência,
em um condomínio em São Gonçalo, também no Rio de Janeiro. Durval foi morto por um sargento reformado da Marinha que
disse tê-lo confundido com um assaltante e que, ao se apresentar à Polícia, foi
inicialmente ouvido como “vítima”, enquanto a verdadeira vítima foi apresentada
como “suspeito”, fato que, segundo a senadora emedebista, demonstrou claramente
os sentimentos crescentes na sociedade brasileira de preconceito, de
discriminação e de desrespeito à pessoa humana. “Nós não podemos nos calar diante de tantas atrocidades que
vêm sendo registradas em todas as regiões do Brasil e que, na maioria dos
casos, são marcadas pela impunidade dos seus responsáveis, como se fosse
natural o País retroceder ao passado vergonhoso e degradante da escravidão,
quando os negros eram tratados como inferiores aos brancos; como “propriedade”
dos brancos, e mediante a indiferença da justiça e das demais instituições que
deveriam defender a cidadania de todos, independentemente da cor da pele, da
crença e da situação econômica e social, mas se calavam a legitimavam a
barbárie humana da exploração do homem pelo próprio homem”, enfatizou. Abraço das raças A senadora Nilda Gondim lamentou a falta de providências
efetivas para barrar o preconceito crescente nas várias camadas da sociedade
brasileira e lembrou que há mais de 60 anos, na década de 1960 do Século
passado, o seu pai (ex-governador da Paraíba, Pedro Moreno Gondim) já combatia
o preconceito e defendia o amor, a justiça e a igualdade entre as pessoas.
“Infelizmente, passados mais de 60 anos, nossa realidade continua cada vez mais
marcada pelo desrespeito, pela banalização da violência e pela prática do
racismo e da intolerância de todas as espécies”, ressaltou. Nilda Gondim recorreu ao poema de autoria de Pedro Gondim,
intitulado “Abraço das Raças”, para defender a igualdade entre as pessoas. Ela
lembrou que, ainda muito jovem, ouviu de seu pai a seguinte indagação: “E por
que distinguir no gozo da vida, da vida integral, pretos e brancos, ricos e
pobres, se tudo é igual?” E para realçar a igualdade defendida, a senadora lembrou
que, ainda no primeiro verso do poema, Pedro Gondim recorreu à inocência das
crianças, que a todos aceita como iguais; observou que “a criança negra trazia
nos braços e beijava na face a boneca loura” e ofereceu aos leitores de sua
época uma oportunidade lúdica de refletir sobre as relações humanas e sobre a
realidade de que “todos somos iguais, todos somos mortais e filhos de Deus”. Para os leitores da atualidade, a senadora Nilda Gondim
transcreveu, em suas mídias sociais, o poema “Abraço das Raças”, de Pedro
Gondim, que segue na íntegra: Abraço das Raças E por que distinguir no gozo da vida, da vida integral, pretos e brancos, ricos e pobres, se tudo é igual?! A criança negra trazia nos braços e beijava na face a boneca loura.
Branco, meus filhos, também como os seus, são filhos de Deus! Já virá lá fora, mas os filhos pequenos, numa festa infantil, repetiam a lição, que apenas devolvo, crismada nas bênçãos do meu coração.
De lares humildes, de ricas vivendas, até de palácio, muitas crianças logo acorreram e todas viveram a mesma inocência.
Guardem os meus filhos, guardem os meus netos este poema. E os filhos diletos da minha memória se tanto a história nos conceder.
Capazes são todas do mesmo saber, capazes são todas do mesmo sofrer. Todas iguais, todas mortais e filhas de Deus.
E decorem, e declamem, e defendam com as forças maiores, as do sentimento, na força do exemplo.
Na estrada terrena, na estrada sagrada, a todos aguarda o mesmo dever.
E com a vida também, que só vale exercida com nobre ideal, encargo de todos, alegria de todos, encontro de todos na vida imortal.
Mais tarde senhoras dos mesmos anseios, merecem iguais meios pra mesma vitória. Da terra que somos, pra terra voltamos sem cor nem legendas, todas iguais, todas mortais e filhas de Deus. Assessoria, com foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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