06/03/2022
RACISMO: Cliente exige "entregador branco" em pedido de lanche por app: “não gosto de pretos nem pardos”
GOIÂNIA, GO - Ao fazer um pedido de comida para uma
confeitaria por meio de aplicativo, uma pessoa quis especificar a cor da pele
do entregador, em Goiânia. A situação causou indignação e constrangimento na
empresária que recebeu a solicitação. A Polícia Civil deve investigar o caso. No recibo, é possível ler a observação feita pelo cliente: “Por favor, mandem um entregador branco, não gosto de pretos
nem pardos. Venham rápido”. Não foi possível identificar qual o nome correto do cliente,
por isso o g1 não conseguiu localizá-lo para pedir uma posição sobre o caso. O iFood informou, por meio de nota, que "repudia
qualquer ato de discriminação" e que irá "iniciar um processo de
investigação interno para que as devidas providências sejam tomadas, incluindo
o descadastramento do cliente" - leia íntegra ao fim da reportagem. A dona da confeitaria relatou que sentiu indignação e
revolta quando leu a mensagem. "Recebemos esse pedido [na quinta-feira (3)].
Completamente constrangedor e desumano. Fiquei tão desconcertada que até pedi
desculpas para o motoqueiro quando ele veio buscar o pedido", disse. A empresária contou que, após a entrega, o motociclista
voltou à confeitaria e disse que foi recebido por duas mulheres. “Ele veio contar que elas disseram que o pedido era delas,
mas que não haviam escrito aquela mensagem. Parece que uma disse que foi o marido,
depois disse que não foi. Não explicaram direito”, contou a empresária. Investigação A empresária disse que preferiu não denunciar o caso à
Polícia Civil. “Achei melhor deixar nas mãos dele [entregador] com receio de
constrangê-lo ainda mais”, explicou. O delegado Joaquim Adorno, que chefia o Grupo Especializado
no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri),
disse que não recebeu nenhuma denúncia do caso diretamente, mas que a situação
será investigada. "É um crime de ação pública incondicionada, então a
Polícia tem a obrigação de apurar. [...] Esse tipo de comportamento pode ser
configurado como prática, incitação ou induzimento ao preconceito ou
discriminação de raça, cor ou etnia, [...] com pena de prisão de 1 a 3
anos", detalhou. Nota completa do
iFood O iFood lamenta o caso e reforça que repudia qualquer ato de
discriminação. A empresa preza por relações e ambientes seguros e livres de
assédios, preconceitos e intimidação em todas ações que realiza, sempre baseado
em respeito, conforme os valores presentes em seu Código de Ética e Conduta. Por conta desse episódio, vamos iniciar um processo de
investigação interno para que as devidas providências sejam tomadas, incluindo
o descadastramento do cliente.
O iFood ressalta a importância de que sejam registrados em
Boletins de Ocorrência junto às autoridades de segurança pública e segue à
disposição para colaborar com as investigações, caso seja solicitada. g1, com foto: Reprodução
|