04/02/2021
Planalto contrata sem licitação empresa de homem que se apresentou como “sócio oculto” de site pró-governo Bolsonaro
A Presidência da República contratou sem licitação uma
empresa cujo dono já afirmou em depoimento ser "sócio oculto" do site
Terça Livre, que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro. O contrato foi publicado no "Diário Oficial da
União" e prevê o pagamento de R$ 360 mil à empresa AYR - Ayres Serviços de
Informação por "serviços técnicos de manutenção da plataforma Pátria
Voluntária". Segundo a Receita Federal, o sócio administrador da empresa
é Bruno Ricardo Costa Ayres. No ano passado, em depoimento à Polícia Federal,
Ayres afirmou ser "sócio oculto" do Terça Livre (leia detalhes mais
abaixo). O G1 procurou a Presidência da República, a AYR e o Terça
Livre e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem. O contrato A contratação da AYR foi feita sem licitação com base no
artigo da Lei de Licitações sobre "inviabilidade de competição". Essa justificativa é aplicada para compra de produtos
exclusivos, contratação de serviços técnicos "de natureza singular"
ou contratações no setor artístico. O extrato publicado no "Diário Oficial" afirma que
a contratação da AYR é "imprescindível para a continuidade das atividades
integradas entre governo e sociedade civil." Segundo documentos do programa Pátria Voluntária, a empresa,
com nome fantasia V2V.net, já é responsável pela plataforma. 'Sócio oculto' Em outubro do ano passado, Bruno Ayres foi ouvido pela
Polícia Federal no inquérito que investiga a organização e o financiamento de
atos antidemocráticos. O depoimento do empresário foi revelado pelo jornal "O
Estado de S. Paulo". À PF, Bruno informou ser "sócio oculto" da
empresa Terça Livre, responsável pelo canal Terça Livre. O dono do canal, Allan dos Santos, é alvo de dois inquéritos
em andamento no Supremo Tribunal Federal e já foi alvo de operações da Polícia
Federal. Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e a
disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro
apura o financiamento de atos antidemocráticos. Nos dois casos, Allan dos
Santos nega envolvimento em irregularidades. A ligação com Santos foi abordada no depoimento à PF. Ayres,
então, disse que atua como consultor do site "em questões
estratégicas" e que recebe "relatórios de gestão sobre o andamento do
negócio".
No depoimento, o empresário negou que a empresa V2V tenha
"relação comercial ou financeira com a empresa Terça Livre" e também
negou que "a empresa Terça Livre e/ou seus sócios utilizaram empresas
interpostas para firmar contrato com entes públicos". G1
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