31/03/2022

Enem 2022 pode ter questões aplicadas em anos anteriores devido à quantidade insuficiente de testes prontos



BRASÍLIA, DF - Coordenadores e diretores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) enviaram um ofício ao presidente do órgão, Danilo Dupas, para recomendar a reutilização de questões já aplicadas em edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O motivo é a quantidade insuficiente de testes prontos para utilização na prova. 

A nota informativa conjunta, com data de 23 de março, orienta a decisão para as edições de 2022 e 2023 do exame. A partir de 2024, o Enem deverá ter um novo modelo que já prevê a reutilização de itens (saiba mais abaixo). 

Procurado, o Inep, órgão liado ao Ministério da Educação (MEC), não respondeu até a última atualização desta reportagem se pretende seguir a recomendação. 

"Considerando a possibilidade de reutilizar 4.680 itens, que foram aplicados para milhões de candidatos nas edições realizadas no Enem, não haverá a necessidade de executar novos pré-testes para viabilizar as edições 2022 e 2023. Assim, os esforços de novos pré-testes para viabilizar duas edições com uma matriz já vencida, poderão ser canalizados para o desenvolvimento e a viabilidade do novo Enem, que apresenta alto grau de complexidade, considerando a nova BNCC", diz o ofício encaminhado à direção do Inep. 

O documento foi assinado por Robério Alves Teixeira, coordenador-geral de Instrumentos e Medidas, Michele Cristina Silva Melo, diretora de Avaliação da Educação Básica, Ricardo Freitas da Silva, coordenador-geral de Desenvolvimento da Aplicação, e Jôfran Lima Roseno, diretor de Gestão e Planejamento. 

Eles fazem parte de uma nova leva de gestores que assumiram após a crise histórica que levou 37 servidores do Inep a renunciarem a seus cargos em novembro de 2021. 

De acordo com a nota, a quantidade de itens disponíveis no Banco Nacional de Itens (BNI) testados e adequados para uso não é suficiente considerando o modelo atual do exame. 

O que é o Banco Nacional de Itens? 

O Banco Nacional de Itens (BNI) é composto por questões que podem ser usadas em avaliações do Inep, como: 

- Enem;

- Saeb;

- Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade);

- Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja);

- Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa);

- Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). 

Todos os itens são formulados por colaboradores (professores) convocados pelo Inep em chamada pública. Eles passam por capacitações e oficinas. 

Em agosto de 2021, o jornal "O Globo" revelou um documento, ao qual o g1 teve acesso, que mostrava que o Inep estava estudando a possibilidade de terceirizar a formulação de perguntas do Enem e a "calibragem" dos níveis de dificuldade da prova. 

Na época, o órgão disse em nota que o sistema está "obsoleto" e o estoque de questões usadas em provas está abaixo do ideal. 

O novo Enem 

Um grupo de trabalho do MEC apresentou em 17 de março as orientações para o novo Enem. O GT é responsável por discutir e elaborar as orientações que devem ser implementadas ao exame a partir de 2024. 

As alterações sugeridas visam adequar o exame ao Novo Ensino Médio, que vai estar totalmente em vigor em três anos. 

A prova deverá ser dividida em duas etapas: 

- Primeira etapa: será composta pela redação e por questões interdisciplinares, e deve cobrar a parte obrigatória da formação geral básica. A avaliação da Língua Inglesa também estará inclusa. A etapa será a mesma para todos os estudantes;

- Segunda etapa: vai contemplar os conhecimentos acerca dos itinerários formativos, que fazem parte do novo ensino médio. O estudante poderá escolher qual combinação escolher, a depender do curso de ensino superior que deseja cursar. As opções serão: 

- Linguagens e Suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

- Matemática e suas Tecnologias + Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Matemática e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

- Ciências da Natureza e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 

Segundo orientações do GT, pelo menos 25% da primeira etapa deverá ser de questões discursivas e o exame deve dar mais ênfase para matemática e língua portuguesa. 

Um dos pontos considerados pelo grupo é que o novo formato do exame permitirá mais de uma aplicação por ano e viabilizará a reutilização de itens já aplicados anteriormente, mas não se sabe se a sugestão será adotada. 

Matrizes para a aplicação das demais orientações devem ser definidas pelo Inep.

g1, com foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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