13/04/2022
Vereador que invadiu estúdio de TV e ameaçou apresentador pode perder mandato
DIVINÓPOLIS, MG - A Câmara de Divinópolis, no Centro-Oeste
de Minas, aceitou a denúncia de infração política-administrativa contra o
vereador Diego Espino (PSC), nesta terça-feira (12/4), por quebra de decoro
parlamentar. A Comissão Processante foi instaurada para investigar os fatos
elencados pelo denunciante, o também vereador Flávio Marra (Patriota), que
podem levar à cassação do mandato. A votação pela admissibilidade da denúncia foi acirrada,
sendo decidida com o voto de minerva do presidente Eduardo Print Jr. (PSDB).
Dois suplentes foram convocados para substituir os envolvidos. Eduardo Augusto
e Sargento Ronaldo, votaram a favor da investigação, assim como os seguintes vereadores: Ademir Silva (MDB); Hilton de Aguiar (MDB); Israel da Farmácia (PDT); Lohanna França (PV); Ney Burguer (PSB); e Roger Viegas (Republicanos) Marra usou o pronunciamento durante a reunião ordinária para
comentar o resultado. Afirmou não tratar de “vitória pessoal” e disse que será
uma oportunidade para Espino explicar cada um dos fatos. “Qual crime? Qual vereador? Essa Casa deu a ele a
oportunidade de se explicar. Você falou que vereador tem que sair de lá
(câmara) preso. Então, estamos te dando a oportunidade de se explicar”,
comentou o denunciante. Espino não falou sobre o assunto na reunião nem fez uso do
pronunciamento no dia de hoje. Em nota enviada à imprensa, disse ser vítima de
“perseguição política” e tratou a denúncia como “vingança”. Os fatos Seis fatos foram listados por Marra para justificar a
denúncia. Um deles, o mais recente, ocorreu no dia 25 de março. Espino, segundo
o documento, teria abordado o assessor de Marra de “forma grosseira e
arbitrária” enquanto ele aguardava na loja de conveniência – de propriedade do
assessorado – para colher assinatura e enviar ao destinatário. O denunciado teria acusado o assessor de estar trabalhando
na loja de Marra como atendente de balcão em horário de expediente da Câmara. O
vereador alega que Espino não tem respaldo para invadir um estabelecimento
particular para “fazer abordagens, acusações e filmagens, sem indício de
irregularidade” e que a abordagem gerou "constrangimento". Ele também citou a “invasão” à Santa Casa de Carmo do Mata,
na mesma região. Na época, o vereador entrou no hospital, sem autorização,
denunciando a ociosidade enquanto outros estavam sobrecarregados devido à
pandemia da COVID-19. Entretanto, a unidade não tinha estrutura e equipamentos
para o recebimento de pacientes. Marra alega que Espino não tem prerrogativa
parlamentar fora de Divinópolis. Ainda constam na denúncia, a invasão ao estúdio da TV
Candidés, emissora local, ameaçando o apresentador Eduardo Silva e acusações
contra o presidente da câmara de favorecimento na indicação de nomes para
contratação de cargos terceirizados. Espino chegou a dizer em plenário que “todos (vereadores)
estão pendurados na teta e envolvidos em negociatas”. Em outra ocasião,
reverberou que vai colocar todos os demais parlamentares na cadeia. Comissão O sorteio para formação da comissão foi realizado logo após
a aprovação da admissibilidade da denúncia. Os vereadores arrolados como
testemunhas não participaram. Ela será formada por Ademir Silva, Israel da
Farmácia e Wesley Jarbas (Republicanos). Apenas este último foi contra
prosseguir com as investigações.
Também foram contrários: Ana Paula do Quintino (PSC), Edsom
Sousa (Cidadania), Eduardo Azevedo (PSC), Josafá Anderson (Cidadania), Rodrigo
Kaboja (PSD) e Zé Braz (PV). Amanda Quintiliano especial para o EM, com foto: Reprodução/Instagram
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