11/06/2022

Bolsonaro usa discurso na Cúpula das Américas para criticar o Judiciário brasileiro



BRASÍLIA, DF - O presidente Jair Bolsonaro usou parte do seu discurso de ontem na Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA), para reiterar críticas ao Judiciário brasileiro. Em indireta a decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o chefe do Executivo defendeu “liberdade de expressão”. “Atualmente, vemos, no Brasil e em parte do mundo, um ataque às liberdades individuais por opinar de forma diferente. Ao longo do meu mandato, o Brasil manteve-se presente nos fóruns hemisféricos e regionais, trabalhando pela democracia, pela liberdade e pela prosperidade econômica e social”, afirmou diante dos demais chefes de Estado e representantes de outros países. Hoje, Bolsonaro seguirá para Orlando, na Flórida, onde fará passeio de moto. "Teremos um evento com cristãos, temos a inauguração de um consulado, e está previsto também um almoço. Logo depois a gente decola retornando ao Brasil", afirmou. 

“Temos um governo que acredita em Deus, que respeita os seus militares, é favorável à vida desde a sua concepção, defende a família e deve lealdade ao seu povo. No Brasil, já se entende que a liberdade é um bem maior que a própria vida, pois um homem ou mulher sem liberdade não têm vida”, disse Bolsonaro também no discurso de ontem. No último dia 7, ele disse que uma parte do Judiciário em Brasília foca em "minar a liberdade de expressão". “Se você analisar os fatos dos últimos dois anos, você vê que uma parte do Poder Judiciário foca em cima de minar a liberdade de expressão. Você viu prisão de parlamentar, que não pode ser preso por palavras e opiniões, sejam elas quais forem”, afirmou. 

No discurso, Bolsonaro afirmou também que “não precisa da Amazônia para o agronegócio”. “Somos um dos países que mais preservam o meio ambiente e suas florestas. Temos a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo. Mesmo preservando 66% de nossa vegetação nativa e usando apenas 27% do nosso território para pecuária e agricultura, somos uma potência agrícola sustentável. Não necessitamos da região amazônica para expandir nosso agronegócio. Somente no bioma Amazônia, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta”, disse. 

Bolsonaro também reconheceu dificuldade em relação à política de preservação de todo o território florestal. "Nossos desafios são proporcionais ao nosso tamanho. A área da Amazônia equivale a toda a Europa Ocidental. Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa e restritiva. Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países; afinal, somos responsáveis pela emissão de menos de 3% de carbono do planeta, mesmo sendo a 10º economia do mundo”, alegou. 

O chefe do Executivo destacou também ações humanitárias desenvolvidas pelo Brasil, como concessão de vistos a afegãos, haitianos, ucranianos, sírios e venezuelanos. Dirigindo-se ao ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, presente no evento, ele garantiu que dará continuidade ao “Acordo de Vaca Muerta”, que prevê a compra de gás e petróleo extraídos dessa região, localizada no país vizinho. “Será bom para nossos países”, disse o presidente brasileiro ao complementar que continuará importando também gás produzido na Bolívia. 

“Aos presidentes da Guiana e do Suriname, quero dizer que nossa ida recentemente aos seus países visa colaborar na exploração de petróleo e gás em seus países. Os senhores têm algo fantástico que Deus lhes deu: reservas de petróleo e gás equivalentes a 90% das reservas brasileiras. Tenho certeza de que, juntos e com parceiros de bem, escolhidos, seus países despontarão no cenário econômico mundial.” 

Energia Eólica 

Bolsonaro afirmou ainda que, com potencial de produção excedente de energia eólica no mar “equivalente a 50 usinas de Itaipu”, o Brasil terá condições de ser grande exportador de hidrogênio e amônia verdes. Ele lembrou que o Brasil sempre foi pioneiro na transição energética, “tendo iniciado a descarbonização há quase meio século, com biocombustíveis e outras fontes”. “Em 2021, batemos recordes de instalação de energia eólica, com 21 gigawatts (GW), e solar, com 14GW. Hoje, 85% da energia gerada no Brasil vem de fontes renováveis”, acrescentou eles, antes de falar sobre as expectativas de geração eólica com as offshores a serem instaladas no mar. 

“Temos o potencial de produção excedente de energia eólica no mar, na ordem de 700GW, equivalente a quatro vezes nossa atual capacidade instalada, ou a 50 Itaipus. As eólicas na costa do nosso Nordeste poderão produzir hidrogênio e amônia verde para exportação. Nesse momento em que países desenvolvidos recorrem a combustíveis fósseis, o Brasil assume papel fundamental como fornecedor de energia totalmente limpa, rumo a uma nova economia neutra em emissões”, afirmou também. 

O hidrogênio é um combustível que requer grande quantidade de energia para ser produzido. Caso o processo de produção desse hidrogênio não faça uso de fontes energéticas danosas ao meio ambiente, dá-se a ele o nome de "hidrogênio verde". O Brasil pretende usar a energia obtida a partir de offshores (energia eólica gerada a partir de estruturas instaladas no mar), para a produção desse hidrogênio combustível.

EM, com agências e foto: Alan Santos/PR

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