03/07/2022
“Não se morre por um almoço cancelado”, diz presidente de Portugal a Bolsonaro
LISBOA, PORTUGAL - O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo
de Sousa, desembarcou em São Paulo, neste sábado (2/7), disposto a se encontrar
com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, motivo que levou o
presidente Jair Bolsonaro a cancelar o almoço que ele teria na segunda-feira
(4/2) com o líder português. Rebelo de Souza viajou para o Brasil para comemorar o
centenário do primeiro voo pelo Atlântico feito por Sacadura Cabral e Gago
Coutinho. "Não se morre porque um almoço foi cancelado. Não há drama
nisso", disse o presidente pouco antes de embarcar para o Brasil. Segundo ele, partiu de Bolsonaro o convite para que eles
almoçassem. Rebelo de Castro já tinha agenda no Brasil e decidiu estender por
mais um dia para o compromisso com o presidente brasileiro. O deslocamento dele
para Brasília, por sinal, exigiria uma logística interna. Um avião da Força
Aérea Brasileira (FAB) teria que deslocá-lo da capital do país para que ele
pudesse embarcar em outra cidade, provavelmente Recife, de volta para Portugal. "Quem convida para almoçar é que decide se quer almoçar
ou não", afirmou Rebelo de Souza. Ele disse entender o contexto político
brasileiro, mas lembrou que, no ano passado, esteve no Brasil e conversou com
ex-presidentes brasileiros e, ainda assim, Bolsonaro o chamou para um almoço.
"Portanto, há um paralelo na situação", frisou. Além de Lula, o líder português se encontrará com o
ex-presidente Michel Temer e deve falar com Fernando Henrique Cardoso. Para o
presidente português, "é evidente que, se o presidente da República do
Brasil entende que não pode, não quer, não é oportuno, não entra na sua
programação neste momento manter o convite, que, aliás, me mandou por escrito,
que o faça". "Quem convida tem a palavra de manter ou não o
convite", frisou. Brasil e Ucrânia Rebelo de Sousa lembrou que há questões
políticas importantes, nas quais Portugal e Brasil discordam. "Na questão
da Ucrânia, Brasil e Portugal tiveram posições diferentes. Portugal é aliado da
Ucrânia, o Brasil, não. Essa é uma situação pesada. O almoço, não",
enfatizou.
No entender dele, porém, nada atrapalha as relações entre os
dois países, pois não se trata de pessoas, mas de relações entre povos. Há,
segundo ele, mais de 200 mil brasileiros vivendo hoje em Portugal e mais de 1
milhão de portugueses no Brasil. "Temos, portanto, saber o que é
fundamental ou não", disse. Neste sábado, o presidente português participa
da Bienal do Livro. Correio Braziliense, com foto: Reprodução/Instagram
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