04/07/2022
PGR defende ouvir ex-presidente da Petrobras sobre áudios que incriminariam Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu
nesta segunda-feira (4) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que seja tomado o
depoimento do ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco para prestar
esclarecimentos sobre a possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na
empresa. A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo,
também defendeu que seja ouvido o ex-presidente do Banco do Brasil Rubem
Novaes. A Procuradoria se manifestou no STF por ordem do ministro
Luís Roberto Barroso, que é relator de um pedido do senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) para investigar uma troca de mensagens entre Castello Branco e Novaes
em um grupo. Em dado momento, Castello Branco chegou a dizer que o
celular corporativo que ele devolveu para a empresa continha mensagens e áudios
que podem incriminar o presidente Jair Bolsonaro, mas não falou quais crimes. No depoimento de Castello Branco, a PGR quer esclarecer : - quais mensagens e áudios do celular corporativo que
detinha e que, especificando o seu teor, poderiam “incriminar” o presidente; - quais datas, circunstâncias e contextos foram encaminhadas
ou recebidas; - além de explicar por qual motivo não os apresentou às
autoridades competentes quando da primeira oportunidade possível. No depoimento de Novaes, a PGR quer esclarecer: - o histórico de contato com o ex-presidente da estatal; - a natureza da conversa travada; - se conhece e consegue detalhar as aludidas mensagens; - os supostos fatos e tipos delitivos aos quais Roberto
Castello Branco teria se reportado. Conversa A conversa entre os dois, que ocuparam os respectivos cargos
no início do governo, se deu por conta de uma reclamação de Novaes em relação a
críticas que Castello Branco estaria fazendo contra Bolsonaro. Cobrado por Novaes no grupo fechado de mensagens, Castello
Branco rebateu dizendo: "Se eu quisesse atacar o Bolsonaro, não foi e não
é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de
bilhões de dólares para seus acionistas (Petrobras), sou insistentemente
convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles (convites) e,
quando falo, procuro evitar ataques". Segundo Lindôra Araújo, é preciso aprofundar o caso antes de
decidir se há elementos para uma investigação.
“Os elementos apresentados até o presente momento não
comportam convicção ministerial suficiente para a instauração da investigação
pleiteada. Todavia, o diálogo mantido e de teor não negado pelos interlocutores
suscita maiores esclarecimentos que podem nortear providências investigativas
não açodadas ou temerárias”, escreveu. g1, com foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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