14/07/2022
Médico acusado de estupro durante parto está isolado em cela após ser hostilizado por outros presos
RIO DE JANEIRO, RJ - A delegada Bárbara Lomba, titular da
Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense,
disse que o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, pode ser
indiciado por outros crimes, além do estupro de vulnerável, pelo qual já
responde. O médico foi preso na madrugada de segunda-feira (11) após a
polícia ter acesso a um vídeo feito por profissionais da equipe que atuou com
ele na cirurgia de uma mulher no domingo passado. As imagens mostram que o
anestesista estuprou uma paciente durante cesariana feita no Hospital da Mulher
Heloneida Studart, também em São João de Meriti. Segundo a delegada, se ficar comprovado que Giovanni Bezerra
aplicou tipos e quantidades desnecessários de sedativos na paciente, ele poderá
responder por violência obstétrica. No mesmo dia, o médico participou de mais
dois partos. A vítima que aparece no vídeo e as outras duas ainda não prestaram
depoimento porque a delegada aguarda um momento mais adequado para conversar
com elas, que ainda se recuperam da cirurgia. Ontem (12), a delegada ouviu algumas mulheres que também
fizeram cirurgias com a presença do anestesista. Bárbara Lomba quer identificar
se ele agiu sistematicamente, repetindo o comportamento em outras cesarianas, o
que pode caracterizar crime em série. Profissionais das equipes que trabalharam
com o anestesista também prestaram depoimentos e manifestaram estranhamento com
o uso dos sedativos. Desde as 21h de ontem, Giovanni Bezerra está preso na Cadeia
Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, para
onde são levados os custodiados que têm nível superior. Por medida de
segurança, o anestesista está isolado em uma cela da Galeria F da unidade. É
que, ao chegar, ele foi hostilizado pelos outros presos, que reagiram
xingando-o e batendo na grade das celas. Prisão Também ontem, em audiência de custódia, a juíza Rachel Assad
converteu a prisão em flagrante do anestesista em preventiva, ou seja, por
tempo indeterminado. Giovanni foi denunciado pelo estupro de uma mulher durante
o parto. O processo tramita em segredo de Justiça para preservar a identidade
da vítima. Na decisão, Rachel alertou para a gravidade do ato praticado
pelo acusado, que, segundo a magistrada, nem se preocupou com presença de
outros profissionais que estavam a seu lado, na sala de cirurgia. “A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha
era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava
a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a
um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais
foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta
vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu
exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a
absoluta incapacidade de resistir”, afirmou. Segundo a magistrada, houve brutalidade e crueldade na ação
do anestesista, que foi divulgada em diversos meios de comunicação, o que
demonstrou o completo desprezo do acusado pela dignidade da mulher, pela ética
médica e pelo compromisso profissional que firmara não havia muito tempo. “Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava à luz
seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o
custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha
sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento do filho será marcado pelo trauma
decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos
os aniversários”, finalizou. Cremerj O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj)
suspendeu provisoriamente o registro de Giovanni Quintella Bezerra, após ter
acesso às imagens, que considerou gravíssimas, do estupro da paciente. Com
isso, o anestesista fica impedido de exercer a medicina em todo o país. “A
medida é um recurso para proteger a população e garantir a boa prática médica”,
diz o Cremerj. Além de suspender provisoriamente o exercício da medicina
por Giovanni, o conselho instaurou processo ético-profissional que pode
resultar na cassação definitiva do registro dele.
O presidente do Cremerj, Clovis Munhoz, ressaltou o
compromisso da entidade de dar celeridade às providências sobre o caso, no que
fosse possível, e disse que a suspensão provisória é uma resposta. “A situação
é estarrecedora. Em mais de 40 anos de profissão, não vi nada parecido. E o
nosso comprometimento não acaba aqui. Temos outras etapas pela frente e também
vamos agir com a celeridade que o caso exige”, afirmou. Agência Brasil, com foto: Reprodução/Redes Sociais
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