21/10/2022
Polícia prende delegado e seis investigadores em esquema de R$ 1 bilhão que atuava em todo o país
BELO HORIZONTE, MG - Um delegado e seis investigadores da
Polícia Civil (PCMG) foram presos na Operação Transformers, deflagrada pelo
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), nesta quinta-feira (20/10). Os nomes
não foram divulgados. Em coletiva de imprensa realizada em Juiz de Fora, na Zona
da Mata Mineira, o promotor Thiago Fernandes de Carvalho explicou que as
investigações que culminaram nesta operação começaram há dois anos. “No início envolvia uma suspeita de roubo e transformações
de veículos, que eram usados para abastecer, principalmente, o tráfico de
drogas. Essa investigação evoluiu nesses dois anos”, explicou o promotor. Ao todo, foram cumpridos 61 mandados de busca e apreensão,
148 de sequestro de veículos e dez de sequestro e indisponibilidade de imóveis,
apreensão e indisponibilidade financeira de R$55 milhões. Foram expedidos 31 mandados de prisão, sendo que 25 já
haviam sido executados até a hora da coletiva. Todos ocorreram nas cidades de
Juiz de Fora, Esmeraldas, Três Corações e Botelhos. Modus operandi do
grupo Segundo a promotoria, a investigação começou analisando um
grupo que roubava carros, retirava as peças e montava novos veículos, que
abasteciam o tráfico de drogas. “Inicialmente sabiam que esses veículos eram usados para o
tráfico de drogas. De carros roubados eram retiradas peças. Montava-se um carro
novo, requentado, e esse carro iria abastecer outras atividades ilícitas. Ou se
fazia o transporte [das drogas] ou era utilizado para pagamento”, explicou
Thiago Fernandes de Carvalho. De acordo com o promotor, o grupo abastecia o mercado de
tráfico de drogas. “Não estamos falando de um tráfico de drogas de pontos de
drogas. Estamos tratando de um tráfico mais volumoso, que abastece mercado, que
tem ramificação em todo território nacional”, explicou. Com o dinheiro obtido do tráfico, o grupo fazia lavagem de
dinheiro em Juiz de Fora. “A investigação mostra como é sofisticada [a
organização criminosa]. Vai do furto, do roubo do carro, da receptação, da
modificação, até a lavagem de dinheiro com muitos shows artísticos em Juiz de
Fora, comércio de roupas, varejo, alimentos, e outros”, destacou o promotor. A princípio, o delegado e os agentes da Polícia Civil
atuavam divulgando informações privilegiadas para outros membros da organização
criminosa. A suspeita do Ministério Público é que nos últimos cinco
anos o grupo possa ter movimentado uma quantia próxima a R$ 1 bilhão. A organização criminosa, segundo o MP, era estruturada em
diversos núcleos. Entre eles: logística, que envolve o fornecimento de veículos
para o transporte e pagamentos de cargas de drogas; financeiro, que cuidava da
parte gerencial da atividade econômica; e um setor de corrupção, responsável
pela proteção dos negócios ilícitos. Agentes públicos
serão investigados pela Corregedoria
O delegado e os investigadores estão presos na Casa de
Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte. Eles serão investigados pela
Corregedoria da PCMG. “A partir de agora a Corregedoria da Polícia Civil atuará em
conjunto com o Ministério Público para trabalhar essa questão das apurações a
nível administrativo enquanto transgressão disciplinar”, afirmou a Dra. Flávia
Mara Camargo Murta, Chefe do 4º Departamento de Polícia Civil em Juiz de Fora.
A Chefe do Departamento se disse surpresa com a participação
de tantos agentes públicos na organização criminosa. “Foi uma surpresa, mas a
Polícia Civil não coaduna com desvios de conduta. Sempre que houver, a
Corregedoria da Polícia Civil estará à frente para fazer uma apuração
transparente, dando a eles o direito de defesa, mas sempre demonstrando que nós
não somos complacentes em relação a isso”, finalizou Flávia. EM, com foto: Divulgação/MPMG
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