21/02/2021
Governo Bolsonaro quer comprar mais 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac
O Ministério da Saúde manifestou nesta semana a intenção de
compra de mais 30 milhões de doses da Coronavac, vacina produzida pelo
Instituto Butantan. A expectativa é de receber o novo lote entre outubro e
dezembro. Essa remessa se somará aos 100 milhões de doses já compradas do
imunizante. O instituto paulista diz que a proposta está sob análise. Até agora, o Butantan já entregou 9,8 milhões. A previsão é
de entregar até abril, ao todo, 46 milhões. Outros 54 milhões de unidades
restantes serão enviados até o fim de agosto. As previsões, no entanto, podem
ser alteradas por causa da dificuldade de o Butantan conseguir os insumos para
fabricar a vacina, que vêm da China. Em janeiro, a demora de Pequim para a
liberação dessa matéria-prima atrasou o cronograma. A gestão João Doria (PSDB) culpou a falta de organização do
ministério e de habilidade diplomática do governo Jair Bolsonaro pelo atraso na
liberação dos insumos, que só chegaram ao Brasil no dia 3. A partir do próximo
dia 23 está prevista a entrega de 3,4 milhões de doses, em oito entregas
diárias de 426 mil. Com isso, a previsão é entregar só 30% das vacinas
previstas para fevereiro no contrato. A mudança de planos motivou nova troca de
farpas entre governo paulista e ministério. O governo federal tem sido cobrado para aumentar a oferta de
doses, ao mesmo tempo em que prefeituras anunciam interrupções nos planos de
vacinação por causa da quantidade restrita de imunizantes. Após rejeitar
ofertas de fabricantes com vacinas de alta eficácia, como a da farmacêutica
americana Pfizer, a gestão Bolsonaro tem investido em negociações com
laboratórios russo e indiano para a compra da Sputinik e da Covaxin,
respectivamente. Esses dois produtos, porém, ainda não têm liberação de uso
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Na coletiva desta sexta-feira, o diretor do Butantan, Dimas
Covas, disse que o instituto enviou três ofícios ao ministério no ano passado
oferecendo 160 milhões de doses da vacina. Segundo ele, a pasta ignorou todos.
“Vamos colocar a responsabilidade em quem tem responsabilidade. Estão aqui os
ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas",
disse Covas.
O primeiro foi enviado em 30 de julho de 2020.
"Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para
entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos
resposta”, acrescentou o diretor. Ele afirmou também que novos ofícios foram
enviados em outubro e dezembro e também não tiveram retorno. "A resposta
saiu na assinatura do contrato, em 7 de janeiro. Um mês e pouco atrás foi
quando assinamos o contrato com o ministério”. Estadão
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