25/11/2022
Adolescente de 16 anos que atirou em escolas é filho de policial militar e usou arma do pai em ataque
ARACRUZ, ES - Após ser apreendido como principal suspeito de
autoria do ataque a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, um adolescente
de 16 anos confessou o crime, informou a Polícia Civil do estado. O jovem
contou que vinha planejando a ação há pelo menos dois anos. O adolescente é
filho de um policial militar. "Os pais estavam destruídos e colaboraram muito com o
nosso trabalho", disse o delegado da Polícia Civil, João Francisco Filho,
que apresentou os detalhes da apreensão ao lado do governador Renato
Casagrande, do secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e do
secretário de Segurança Pública, Marcio Celante. De acordo com o delegado, o
adolescente foi encontrado em um dos imóveis da família no município. A
operação foi tranquila e houve cooperação tanto dos pais quanto do autor do
crime. O ataque às duas escolas teve início por volta das 9h30 de
hoje (25) e resultou na morte de pelo menos dois professores e uma aluna.
Ficaram feridas 11 pessoas que foram levadas para hospitais da região. Alguns
dos feridos já foram liberados. Segundo as últimas informações, quatro pessoas
apresentam quadro de saúde mais delicado: três professores, cujo estado é
grave, e um aluno, em situação gravíssima. Já se sabe que o adolescente usou duas armas de
responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada e
uma pistola .40 pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três
carregadores. O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do
crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista. Imagens das câmeras de segurança registraram a ação. O
atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada em
fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na
Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Motivação A ação do adolescente começou pela Escola Estadual Primo
Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos matando
dois professores e ferindo mais nove. Em seguida, o atirador entrou em um carro
e se dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma instituição privada.
No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e ferindo mais
duas pessoas. Segundo a Polícia Civil, o adolescente é ex-aluno da Escola
Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho deste ano. A família o transferiu
para outra instituição, mas a razão ainda não foi esclarecida. Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante a apreensão, o
adolescente não explicou por que fez os ataques. O delegado João Francisco
Filho disse que ele estava tranquilo e não manifestou arrependimento. A
apuração preliminar apontou que ele fazia tratamento psiquiátrico. A Polícia
Civil trabalha com a hipótese de que o adolescente não tinha um alvo definido e
que ele pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas, que se organizam de
forma virtual dentro e fora do Brasil. Para Renato Casagrande, a sociedade precisa estar mais
atenta aos problemas de saúde mental. Ele pediu que as pessoas fiquem atentas
ao comportamento de filhos, netos e irmãos, para que possam identificar situações
em que seja necessária ajuda profissional. Considerou ainda que a comunidade
escolar também deve estar vigilante. O governador manifestou resistência a medidas que busquem
dificultar o acesso às escolas ampliando as grades e os muros. "Escola não
é para isso. Escola é para educar, para formar pessoas, para poder conviver com
quem pensa diferente. Então os sinais de problemas de saúde mental são sinais
que precisam receber atenção", reiterou. Choque A prefeitura de Aracruz divulgou nota informando que as
aulas da rede municipal foram suspensas. As crianças que estavam nas escolas
foram dispensadas. Casagrande informou que a retomada das aulas na Escola
Estadual Primo Bitti ainda será discutida nos próximos dias. O prefeito de
Aracruz, Luiz Carlos Coutinho, disse que as famílias das vítimas já estão sendo
identificadas para receber assistência. O clima é de choque na comunidade escolar do município.
"É muita tristeza. É uma impotência. Aconteceu na escola [em] que eu
trabalho, com os meus colegas e as minhas colegas, entende? Não sei se consigo
voltar para a sala de aula e dar aula", disse a professora Leilany Campos,
que leciona na Escola Estadual Primo Bitti.
Segundo Adriana Alves, diretora de uma escola infantil do
município, a notícia gerou uma onda de desespero especialmente entre pais e
educadores. Ela conta que, logo após o ocorrido, a Polícia Militar recomendou a
todas as escolas manter os portões fechados. "Estamos vivendo um terror.
Não poderíamos imaginar esse tipo de coisa acontecendo tão perto da
gente." Agência Brasil, com foto: Reprodução
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