21/12/2022
Veja detalhes da carreira e a repercussão da morte do ator Pedro Paulo Rangel
JOÃO PESSOA, PB - O ator Pedro Paulo Rangel morreu nesta quarta-feira
(21), às 5h40, na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de
Janeiro, onde estava internado desde o fim de outubro para tratar de uma
descompensação do quadro de enfisema pulmonar. Por causa da evolução da doença,
o ator de 74 anos precisou ser entubado na madrugada do último dia 10, quando a
equipe médica que o atendia considerou que o quadro clínico do artista era
delicado e inspirava cuidados. No dia 14, embora ainda estivesse com um quadro grave, a boa
resposta ao antibiótico e melhora dos resultados de exames de sangue levaram à
suspensão da sedação “na tentativa de retirada da ventilação mecânica”,
informou um boletim médico. Depois de 48 horas da interrupção da sedação, Pedro Paulo
Rangel começou a despertar e a equipe médica começou a avaliar a retirada do
respirador. “A resposta à infecção é positiva e sustentada nos últimos dias,
porém houve alteração da função renal. O quadro permanece grave”, completou a
equipe em novo boletim divulgado pela Casa de Saúde São José, no dia 16. Carreira A trajetória de Pedro Paulo Rangel nas artes começou cedo.
Ainda adolescente o filho dos funcionários públicos Alzira Marques Rangel e
Lélio Rangel, escreveu a peça Quando os Pais Entram de Férias. Como ator foi
convidado a participar do elenco da peça infantil O Bruxo e a Rainha, de Pedro
Reis, na Igreja de Santa Terezinha, em Copacabana, na zona sul. Lá ele conheceu
o ator Marco Nanini, com quem frequentou o curso de Formação de Atores no
Conservatório Nacional de Teatro, atual escola de teatro da UNIRIO. A primeira experiência em teatro profissional foi em 1968,
na peça Roda Viva, de Chico Buarque e com direção de José Celso Martinez
Corrêa, em São Paulo. O artista integrou ainda o Grupo Oficina e em 1969, atuou
na peça Galileo Galilei, de Bertolt Brecht, também com direção de José Celso. O primeiro papel protagonista foi em 1970, em Jorginho, o
Machão, de Leilah Assumpção, dirigido por Clóvis Bueno. Dois anos depois fez a
peça Castro Alves Pede Passagem, de Gianfrancesco Guarnieri, e voltou para o
Rio de Janeiro. A atuação na peça A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de
Sousa, lhe rendeu seu primeiro Prêmio Moliére de melhor ator, em 1982. Depois
disso recebeu mais dois: em 1989, por sua interpretação em Machado em Cena – Um
Sarau Carioca, de Luís de Lima; e em 1994, no monólogo O Sermão da
Quarta-feira de Cinzas, de Moacir Chaves, como o Padre Antônio Vieira. Na televisão, o ator fez personagens memoráveis. A estreia
foi em 1969 na Rede Tupi de São Paulo, no elenco da telenovela Super Plá de
Bráulio Pedroso. Na mesma emissora atuou em outras duas novelas: Toninho on The
Rocks, de Teixeira Filho, em 1970; e Dinheiro Vivo, de Mário Prata, em 1979. Em 1972 começou na TV Globo e logo se destacou na novela
Bicho do Mato, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro. Em 1979 voltou à
Rede Tupi de São Paulo e dois anos depois retornou à Rede Globo para uma
infinidade de personagens com grandes destaques em novelas como Gabriela, A
Indomada e Pecado Capital, além de minisséries como Um Só Coração e Quinto dos
Infernos. Ainda na emissora, a carreira do ator passou pelos
humorísticos TV Pirata e Viva o Gordo. Repercussão A morte do ator causou comoção entre amigos. O autor de
novelas e escritor Walcyr Carrasco, que escreveu a novela O Cravo e a Rosa,
lamentou a perda. “Cumpriu sua missão aqui na terra o querido e talentoso ator
Pedro Paulo Rangel, aos 74 anos. Uma grande perda! Sentiremos muitas saudades!
Meus sentimentos aos amigos e familiares. Vá em paz, seu Calixto!”, disse no
seu perfil no Twitter, lembrando o nome do personagem que é um dos maiores
sucessos de Pedro Paulo. O ator, humorista e escritor Gregório Duvivier, disse que
está triste com a partida do amigo. “Era um ator delicioso de assistir.
Coloria, com carisma infinito, qualquer cena. Emprestava humanidade a
personagens coadjuvantes, sempre tridimensional. Inventou um jeito próprio de
falar, meio afrancesado, mas muito carioca, hilário”, postou no Twitter. Em entrevista à Globonews, a atriz Lília Cabral disse que
para ela, PP, como chamava o amigo, é um dos maiores atores do Brasil. “PP você
vai fazer muita falta para muita gente”, disse emocionada. Também ao canal, o
ator Diogo Vilela contou que o amigo era um gênio. “É muito difícil falar sobre
o PP, para mim um gênio, um ator genial. Eu estou muito emocionado”.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva também postou
uma mensagem em seu perfil no Twitter. “Soube agora da morte do ator Pedro
Paulo Rangel. Uma triste perda para a dramaturgia brasileira. Pedro Paulo fez
história nas novelas, no humor e nos teatros do país com seu talento e
dedicação. Meu abraço fraterno aos familiares, fãs e amigos”. Agência Brasil, com foto: Divulgação
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