27/12/2022
Polícia acredita que suspeito de ajudar bolsonarista a montar explosivo para atentado fugiu de Brasília
BRASÍLIA, DF - O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou,
nesta terça-feira (27), que a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) acredita
que Alan Diego dos Santos Rodrigues fugiu de Brasília. Ele é suspeito de ajudar
o bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, a montar um
artefato explosivo perto do aeroporto da capital, no sábado (27). Questionado sobre as buscas por Alan Ribeiro, Ibaneis
respondeu: "A polícia já identificou essa pessoa, está fazendo as buscas.
Pelo que tenho alcançado aqui pela polícia, ele já se evadiu do DF, mas eles
estão atrás e a gente deve ter notícia nas próximas horas". George confessou o crime e foi autuado por terrorismo.
Segundo o governador, ele chegou a fazer cursos de sniper para manusear
armamentos de alta potência. "Realmente existia ali uma mentalidade
totalmente voltada para o crime", disse Ibaneis. Segundo as investigações da PCDF e o próprio depoimento de
George, ele e Alan frequentavam os atos em favor do presidente Jair Bolsonaro
(PL) que ocorrem no quartel-general do Exército na capital. O autuado por
terrorismo também confessou que o ato teve motivação política (veja mais
abaixo). Até a última atualização desta reportagem, a defesa dele não
tinha se manifestado. George está preso preventivamente no Complexo da Papuda. Além de terrorismo, ele também foi autuado por posse e porte
ilegal de armas de fogo de uso permitido e restrito. No apartamento onde ele
foi encontrado no sábado, no Sudoeste, os policiais acharam um arsenal com
fuzil, espingardas, revólveres, munição e explosivos. Participação de Alan Segundo o preso, o plano para detonação do explosivo foi
montado nos atos que ocorrem no QG do Exército, com objetivo de levar à
decretação de estado de sítio no país – quando há restrição de direitos e à
atuação de Legislativo e Judiciário. Em depoimento à polícia, George Washington disse que, em 22
de dezembro, "vários manifestantes do acampamento conversaram comigo e
sugeriram que explodíssemos uma bomba no estacionamento do Aeroporto de
Brasília durante a madrugada e em seguida fizéssemos denúncia anônima sobre a
presença de outras duas bombas no interior da área de embarque". No dia seguinte, segundo o investigado, uma mulher do grupo
sugeriu a instalação de uma bomba na subestação de energia elétrica de
Taguatinga, para "dar início ao caos que levaria à decretação do estado de
sítio". "Eu fui ao local apontado pela mulher em Taguatinga em
uma Ford Ranger branca de um dos manifestantes do acampamento, mas o plano não
evoluiu porque ela não apresentou o carro para levar a bomba até a transmissora
de energia", disse no depoimento. Ainda de acordo com o criminoso, um outro participante do
grupo, identificado como Alan Diego dos Santos Rodrigues, se voluntariou para
instalar a bomba em postes. George disse que, em 23 de dezembro, recebeu de uma
pessoa, que não conhecia, material que faltava para construir o explosivo. E
que fez o dispositivo. "Eu entreguei o artefato ao Alan e insisti que ele
instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de
eletricidade, porque eu não concordei com a ideia de explodi-la no
estacionamento do aeroporto. Porém, no dia 23/12/2022 eu soube pela TV que a
polícia tinha apreendido a bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o
plano original", alegou o autuado por terrorismo. Apesar da data citada pelo homem no depoimento, a PM só
encontrou o material na manhã de sábado (24). Ele disse que, na data, percebeu
a movimentação de pessoas estranhas perto do apartamento onde estava hospedado,
e que imaginou serem policiais. George alegou que reuniu as armas para colocar na
caminhonete e fugir neste sábado, mas foi preso antes. Investigação As investigações começaram depois que um artefato explosivo
foi encontrado instalado em um caminhão-tanque de combustível, nos arredores do
aeroporto. O motorista do veículo percebeu o objeto estranho e acionou a
Polícia Militar, que interditou a área. A corporação confirmou que o material era explosivo e
detonou o artefato durante a tarde. À noite, a Polícia Civil anunciou a prisão
de George Washington de Oliveira Sousa, em um apartamento no Sudoeste. Ele foi
levado à 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Em entrevista coletiva, o delegado-geral da PCDF, Robson
Candido, afirmou que o grupo chegou a acionar o dispositivo, mas ele não
explodiu. "A perícia nos relata que eles tentaram acionar o
equipamento, mas não sei porque, talvez até por ineficiência técnica deles, não
conseguiram explodir. Mas a intenção deles era explodir esses outros materiais
sim e novamente causar, como eu disse, causar tumulto, né?"
"Tem outras pessoas envolvidas. Também serão
identificadas e serão presas, como ele. Nós não iremos aceitar aqui em
Brasília, capital da República, esse tipo de atitude de extremismo político",
disse Robson Cândido. g1, com foto: Reprodução/Instagram
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