24/01/2023
Novas Revelações: Bolsonaro comia pastel na rua e carnes nobres em casa e pagava com cartão corporativo
BRASÍLIA, DF - Notas fiscais de uma parcela dos gastos do
cartão corporativo de Jair Bolsonaro (PL) durante os quatro anos de mandato
(2019-2022), avaliadas pela agência de transparência Fiquem Sabendo, revelam um
presidente diferente do que era mostrado nas redes sociais. O cardápio na
residência do ex-chefe do Executivo era, comumente, composto de camarão,
bacalhau e corte nobres de carne, alimentos bem mais caros do que o pastel e o
espetinho com farinha que ele saboreava nas saídas presidenciais e postava na
internet. Os registros fiscais foram analisados pela Fiquem Sabendo e
por repórteres do Estadão, em um trabalho feito pessoalmente nos registros da
Secretaria Geral da Presidência. As notas não são digitalizadas, e a consulta,
autorizada após um pedido da Fiquem Sabendo por meio da Lei de Acesso à
Informação (LAI), foi feita "in loco", durante três dias, período em
que 20% do total de notas foi averiguada pela equipe. De acordo com a agência e o Estadão, o cartão pode ser
utilizado para despesas da residência, mas Bolsonaro “disse por 15 vezes em
lives que não utilizava o método de pagamento (cartão corporativo)”. O então
presidente também não recebia convidados ou promovia jantares no Palácio da
Alvorada, o que aponta que os gastos eram apenas para si e a família, sem
ocasião especial. Cartão corporativo Seis meses após ser eleito presidente, em 7 de junho de
2019, o cartão corporativo foi utilizado para comprar 6,3 kg de picanha maturatta,
15 kg de filé mignon sem cordão e ainda peças de costela defumada, batata
palha, potes de palmito e azeitona. Um mês depois, em um café da manhã com a
imprensa, Bolsonaro afirmou que “falar que se passa fome no Brasil é uma grande
mentira” e classificou o tema como um “discurso populista”. Ainda antes de junho, em abril de 2019, outra compra de
itens luxuosos foi registrada: foram adquiridos 7,2 kg de bacalhau, 4,2 kg de
camarão rosa e 108 kg de filé de robalo. Em um ano, foram ao menos 14 compras
de picanha, 47 de filé mignon e 15 de bacalhau, De acordo com a agência, as
despesas eram frequentes e realizadas, às vezes, mais do que uma vez na semana. Os registros fiscais também mostram gastos em restaurantes,
como 19 idas ao Outback, um total de R$ 5,7 mil com uma média de R$ 300 por
visita no estabelecimento — a última ida registrada foi em 17 de dezembro de
2022, pouco mais de 20 dias antes de encerrar o mandato. Gastos de Bolsonaro Com o Brasil de volta ao Mapa da Fome, o então presidente
negou os dados de agências nacionais e internacionais, que afirmam que 30
milhões de brasileiros estão na linha de pobreza, e disse que ninguém “vê
alguém pedindo pão no caixa da padaria”. “Extrema pobreza é quem ganha até 1,9 dólares por dia, são
10 reais. O Auxílio Brasil hoje paga 20 reais por dia, então esses 30 milhões
podem buscar o Auxílio Brasil”, declarou em uma entrevista à Jovem Pan em 26 de
agosto de 2022.
Até o momento, R$ 40 milhões de gastos de Bolsonaro nos
quatro anos de mandato foram registrados. O valor é inferior ao usado por Lula
(PT) nos dois mandatos e por Dilma Roussef (PT) em um mandato. No entanto,
apenas Bolsonaro afirmava que "nunca tirei um centavo" do cartão. Correio Braziliense, com foto: Reprodução/Redes Sociais
|