05/03/2021

Em áudio, Coordenador da Lava Jato diz que juíza se comprometeu a sentenciar caso de Lula



SÃO PAULO - O procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse em um áudio a colegas que conversou com a juíza Gabriela Hardt sobre o processo do sítio de Atibaia (SP), em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era réu. As informações são do UOL.

 

No áudio, ele conta que encontrou com a juíza e perguntou a respeito do processo de Lula e Hardt teria dito que ele seria sentenciado, o que de fato aconteceu menos de um mês depois.

 

Segundo a reportagem, a defesa de Lula diz que as mensagens mostram que “os procuradores queriam a qualquer custo impor uma nova condenação” ao ex-presidente, e que “a pressão foi atendida com a sentença”.

 

Hardt havia assumido a ação como substituta após a saída de Sergio Moro. Ainda de acordo com o UOL, a defesa do ex-presidente ainda disseram que os procuradores do MPF (Ministério Público Federal) temiam uma mudança no andamento dos processos da Lava Jato assim que fosse definido o novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.

 

Nas conversas, Deltan diz aos colegas que havia tido um encontro com Hardt: “Perguntei dos casos né, perguntei primeiro do caso do sítio, se ela ia sentenciar”.

 

De acordo com o procurador, a magistrada teria mostrado uma pilha de papel com uma cópia das alegações finais da defesa de Lula no processo do sítio, com cerca de 1.600 páginas, e que tinha outros “500 casos”.

 

“Que horas eu vou fazer isso aqui? Só se eu vier aqui e trabalhar da meia-noite às seis”, teria dito a juíza, de acordo com Deltan, que contou aos colegas que ela estava sobrecarregada, mas que iria “sentenciar o sítio”.

 

Em nota, o MPF disse que “é legítimo e legal que membros do Ministério Público despachem com juízes, como advogados fazem” e que “a eventual preocupação com a demora do julgamento dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo pessoas beneficiadas pela prescrição reduzida em razão da idade, como o ex-presidente Lula, demonstra zelo pelo interesse público”.

 

O MPF também que diz não reconhecer “o material criminosamente obtido por hackers que tem sido editado, descontextualizado e deturpado para fazer falsas acusações sem correspondência na realidade, por pessoas movidas por diferentes interesses que incluem a anulação de investigações e condenações”

 

Os diálogos apresentados nesta quinta-feira (4) pela defesa de Lula ao STF (Supremo Tribunal Federal) foram extraídos de mensagens obtidas por meio de um ataque hacker, alvo da Operação Spoofing.

Istoé

Notícias no seu email

Receba nossas notícias diretamente no seu email. Cadastre-se.

Newsletter