16/06/2023
STF encontra no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro planos para um golpe de estado
BRASÍLIA, DF - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes decidiu nesta sexta-feira (16) retirar o sigilo de
mensagens apreendidas pela Polícia Federal (PF) no celular do coronel do
Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A medida foi
tomada após a revista Veja publicar as conversas. De acordo com relatório de investigação da Polícia Federal,
as mensagem evidenciam que Cid reuniu documentos para dar suporte jurídico à
execução de um golpe de Estado. "O investigado compilou estudos que tratam da atuação
das Forças Armadas para Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO. Os
documentos tratam da possibilidade do emprego das Forças Armadas, em caráter
excepcional, destinado a assegurar o funcionamento independente e harmônico dos
Poderes da União, por meio de determinação do Presidente da República",
diz o relatório. As mensagens mostram que Cid compartilhou um documento com
instruções para declaração de Estado de Sítio diante de "decisões
inconstitucionais do STF". A PF também identificou que outro ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro, Luis Marcos dos Reis, frequentou o acampamento montado no ano
passado em frente ao quartel do Exército em Brasília. Além disso, segundo as
investigações, ele participou dos atos golpistas no dia 8 de janeiro. "Os vídeos constantes em seu telefone celular
comprovaram a participação de Luis Marcos dos Reis na tentativa de golpe de
Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito ocorrida no dia 8
de janeiro de 2023", concluiu o documento. Os documentos também mostram uma conversa entre Mauro Cid e
o coronel do Exército Jean Lawand, no dia 1° de dezembro do ano passado. "Cidão, pelo amor de Deus, faz alguma coisa. Convence
ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser
preso. O presidente [Bolsonaro] vai ser preso, E, pior, na Papuda",
escreveu Lawand. Em seguida, Cid respondeu: "Mas, o PR não pode dar uma
ordem se ele não confia no ACE [Alto Comando do Exército]". Cid está preso desde 3 de maio por determinação de Moraes
sob a acusação de fraudar o cartão de vacinação de Bolsonaro e de seus
familiares. Durante as investigações sobre o caso, a PF também encontrou as mensagens
divulgadas pelo ministro. A defesa de Mauro Cid disse à Agência Brasil que "as
manifestações defensivas" serão feitas somente no processo em andamento no
STF.
A reportagem também entrou em contato com o comando do
Exército e aguarda retorno. André Richter/Carolina Pimentel, com foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil
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