29/07/2023
Bolsonaro recebeu R$ 17,5 milhões via Pix em seis meses, aponta relatório do Coaf
BRASÍLIA, DF - O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, nos
seis primeiros meses deste ano, R$ 17,5 milhões via Pix. Os valores constam de
um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8
de janeiro. Inicialmente divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, as
informações foram confirmadas pela TV Brasil. Ao todo, foram 769 mil transações
registradas de 1º de janeiro a 4 de julho. Nesse período, a conta do
ex-presidente movimentou R$ 18,5 milhões, dos quais R$ 17,5 milhões chegaram
via Pix. O próprio Coaf classifica essas movimentações nas contas de
Bolsonaro como atípicas. A suspeita do órgão, que investiga se houve lavagem de
dinheiro, é que os recursos tenham sido doados por apoiadores do ex-presidente
para pagar multas judiciais recebidas por ele. Parte dos recursos recebidos,
indica o relatório, foi convertida em aplicações financeiras. Os valores repassados pelos remetentes também aparecem no
documento. Na lista, constam nomes de empresários, militares, agricultores e
advogados, sendo que pelo menos 18 enviaram valores entre R$ 5 mil e R$ 20 mil.
O PL, partido do ex-presidente, transferiu quase R$ 48 mil em duas operações. Nas contas bancárias de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro preso desde o início de maio, o Coaf registrou uma movimentação de
quase R$ 4 milhões entre julho do ano passado e maio deste ano. As transações
são consideradas suspeitas porque o valor é incompatível com a renda dele, que
tem salário bruto de R$ 26 mil. Mauro Cid está sendo investigado a pedido da CPMI do Golpe,
que aprovou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do militar. Entre as
movimentações analisadas, uma ordem de pagamento para os Estados Unidos, de R$
368 mil, chamou a atenção. A transação foi realizada em janeiro, quando
Bolsonaro estava no país. Defesa
A defesa de Mauro Cid informou que todas as movimentações
financeiras dele, inclusive as internacionais, são lícitas e foram esclarecidas
à Polícia Federal. A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que a divulgação das
informações bancárias do ex-presidente consiste em “inaceitável” e “criminosa”
violação de sigilo bancário e que os valores vêm de doações feitas por
apoiadores, com origem absolutamente lícita. Fernando Fraga, com foto: Fábio Rodrigues Pozzebom – Agência Brasil
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