16/03/2021
Governo Bolsonaro é denunciado na ONU por “tragédia humanitária” na gestão da Covid-19
SÃO PAULO - O governo do presidente Jair Bolsonaro foi
denunciado nesta segunda-feira no Conselho de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU) em Genebra pela gestão que faz da pandemia de Covid-19,
doença que já matou mais de 278 mil pessoas no Brasil, maior número do mundo
atrás apenas dos Estados Unidos. A denúncia foi feita pelas organizações não-governamentais
de defesa dos direitos humanos Comissão Arns e Conectas Direitos Humanos, que
apontaram que o governo Bolsonaro levou o país a uma "devastadora tragédia
humanitária". "Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes
do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia", disseram as entidades ao
conselho. "Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele
tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção - como o
uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes;
paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou
a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos
brasileiros para parar 'de frescura e mimimi'." Por várias vezes Bolsonaro minimizou a pandemia de Covid-19,
afirmando que ela estava sendo superdimensionada e classificando a doença de
"gripezinha". Ele também ataca constantemente as medidas de distanciamento
social e restrições adotadas por governadores e prefeitos, além de raramente
usar máscaras e de frequentemente promover aglomerações, desrespeitando assim
recomendações de entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS), para conter a disseminação do vírus. O presidente também já criticou vacinas e chegou a comemorar
como uma vitória pessoal a breve interrupção, determinada pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos testes no Brasil da CoronaVac, vacina
contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac que foi testada no Brasil pelo
Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo. Bolsonaro chegou a afirmar que seu governo não compraria a
CoronaVac e que ela não inspirava confiança por causa de sua origem chinesa.
Atualmente, no entanto, a vacina da Sinovac responde pela esmagadora maioria
das doses disponíveis na campanha nacional de vacinação contra a Covid-19.
Ele também defende medicamentos sem comprovação científica
no tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina, e afirma, contrariando as
evidências disponíveis, que juntamente com outros remédios o medicamento, usado
no tratamento de malária e doenças autoimunes, compõe um "tratamento
precoce" contra o coronavírus. Reuters
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