29/03/2021
Bolsonaro faz seis trocas no governo, confirma demissões e leva nome do Centrão para o Planalto
BRASÍLIA, DF – O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta
segunda-feira, 29, seis trocas no governo. Em nota, foram confirmadas as demissões
do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e da Advocacia-Geral da União, José
Levi, que contrariaram os interesses do presidente, e a nomeação da deputada
Flávia Arruda (PL-DF) como ministra da Secretaria de Governo, responsável pela
articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso. O ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, também
foi demitido. Sua saída vinha sendo cobrada dentro e fora do governo. Na visão
de parlamentares, especialistas e empresários, a atuação do chanceler na pasta,
considerada ideológica, prejudicou o País na obtenção de insumos e vacinas para
combater a covid-19. Em seu lugar entrará o diplomata Carlos Alberto Franco
França, ex-cerimonialista da Presidência. No Ministério da Justiça, Bolsonaro trocou André Mendonça,
que volta a comandar a AGU, seu antigo cargo, e colocou no lugar o delegado da
Polícia Federal Anderson Torres. Até então secretário de Segurança Pública do
Distrito Federal, Torres havia sido cotado para assumir a diretoria-geral da
Polícia Federal em ao menos três oportunidades, e agora deve assumir um cargo
hierarquicamente superior. Ele é próximo da família do presidente. As outras mudanças foram apenas de nomes que já integravam o
governo e foram realocados: o general Walter Braga Netto assume o Ministério da
Defesa e o general Luiz Eduardo Ramos vai para o seu lugar, na Casa Civil,
abrindo a vaga para Flávia Arruda na Secretaria de Governo. A deputada é próxima ao presidente da Câmara, deputado
Arthur Lira (Progressistas-AL), que na semana passada cobrou uma mudança de
postura do governo federal no enfrentamento da pandemia. Na ocasião, alertou
que a declaração era um "sinal amarelo" do Congresso ao chefe do
Executivo e, sem citar o impeachment, disse que o Legislativo possui “remédios
políticos amargos”, alguns “fatais”. No mês passado, Bolsonaro já havia acomodado um nome do
Centrão no governo, com a nomeação de João Roma (Republicanos-BA) no Ministério
da Cidadania. As trocas ocorrem no momento mais agudo da pandemia de
covid-19 no País, com recordes diários de mortes pela doença e colapso na rede
de saúde de diversas cidades. Ao mesmo tempo, pesquisas apontam queda na
popularidade do presidente. Desavenças. Como mostrou o Estadão, a demissão no Ministério
da Defesa ocorreu após Azevedo se recusar a garantir um alinhamento automático
e a manifestar apoio das Forças Armadas a posições do presidente que
caracterizariam o envolvimento direto dos militares com a política. No caso de Levi, a demissão ocorreu após o chefe da AGU se
recusar a assinar uma ação do Palácio do Planalto no Supremo Tribunal Federal
contra o toque de recolher determinado por governadores do Distrito Federal,
Bahia e Rio Grande do Sul. A peça foi assinada apenas por Bolsonaro, mas
rejeitada pelo ministro Marco Aurélio Mello. Veja abaixo todas as trocas: Nota oficial O Presidente Jair Bolsonaro alterou a titularidade de seis
ministérios nesta segunda-feira (29). As seguintes nomeações serão publicadas
no Diário Oficial, a saber: • Casa Civil da Presidência da República: General Luiz
Eduardo Ramos Baptista Pereira; • Ministério da Justiça e Segurança Pública: Delegado da
Polícia Federal Anderson Gustavo Torres; • Ministério da Defesa: General Walter Souza Braga Netto; • Ministério das Relações Exteriores: Embaixador Carlos
Alberto Franco França; • Secretaria de Governo da Presidência da República:
Deputada Federal Flávia Arruda; • Advocacia-Geral da União: André Luiz de Almeida Mendonça. Secretaria Especial
de Comunicação Social Ministério das
Comunicações
Estadão
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