31/03/2021
Vacina da AstraZeneca será testada em crianças no Brasil, anuncia Fiocruz
RIO DE JANEIRO, RJ - A presidente da Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz), Nísia Trindade, afirmou nesta terça-feira (30) que um pedido
será apresentado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para
realização no Brasil de estudo com crianças da vacina de Oxford/AstraZeneca
contra a Covid-19. A vacina da AstraZeneca, que atualmente é envasada pela
Fiocruz e posteriormente será totalmente produzida pela fundação, recebeu
registro da Anvisa para uso na população acima de 18 anos. Até o momento,
nenhuma vacina da Covid foi testada no Brasil para uso em crianças e
adolescentes. “Nesse momento deve ter início, deve-se entrar com protocolo
para pesquisa no Brasil da vacina que nós estamos produzindo na Fiocruz a
partir do acordo com a AstraZeneca, para uso pediátrico. Então, espero que em
breve nós tenhamos a aprovação desse estudo”, disse a presidente da Fiocruz em
evento online sobre a Covid-19 com a presença também de autoridades da OMS
(Organização Mundial da Saúde). “Acho que tem que ser de fato um dos focos de atenção ter (a
vacina) aprovada para uso pediátrico e em adolescentes também”, acrescentou
Nísia, que citou ainda a importância da realização de estudos da vacina em
gestantes – outro grupo ainda fora da campanha de imunização contra a doença. A Universidade de Oxford, que desenvolveu a vacina em
parceira com a AstraZeneca, anunciou no mês passado que lançou um estudo para
avaliar a segurança e a resposta imune do imunizante em crianças pela primeira
vez. A presidente da Fiocruz também afirmou, no evento online
realizado pela OMS, que a vacinação brasileira deve avançar em abril, quando
alguns estados conseguirão vacinar toda a população acima de 60 anos, segundo
ela. O Brasil, que enfrenta o pior momento da pandemia de
Covid-19, com quase 2.600 mortes por dia em média nos últimos 7 dias, sofre com
o ritmo lento da vacinação desde o início em janeiro. De acordo com o
Ministério da Saúde, 14 milhões de pessoas foram vacinadas com a primeira dose
no país, o equivalente a 6,6% da população brasileira. Mesmo que a campanha de vacinação melhore de ritmo,
autoridades da OMS alertaram que a imunização sozinha não será capaz de conter
a pandemia sem que sejam cumpridas medidas de prevenção e controle. “Há uma falsa sensação de segurança com chegada das vacinas,
mas é extremamente importante não baixar a guarda das medidas de controle mesmo
com as vacinas disponíveis”, disse Mariângela Simão, diretora-geral-assistente
da OMS para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêutico. Segundo ela, o Brasil vive uma fase bastante aguda da
pandemia, e a população precisa estar preparada para lidar com essa situação.
“Vamos sair dessa, mas ainda vai levar um tempo”, afirmou. O diretor-assistente da Opas (Organização Pan-Americana de
Saúde), Jarbas Barbosa, também reforçou a importância das medidas de contenção,
como isolamento e uso de máscaras, ressaltando que a constante circulação do
vírus é responsável pelo surgimento de novas variantes ainda mais perigosas. De acordo com ele, 14 países das Américas, além do Brasil,
já registraram casos da variante P.1, originada em Manaus e que carrega uma
mutação que a torna de 2 a 2,5 vezes mais transmissível – o que tem colaborado
para a atual crise atravessada pelo Brasil.
“Quanto mais deixamos o vírus circular, mais chances damos
de ele se transformar e provocar ainda mais casos e mortes. Com a continuação
da circulação do vírus, outras variantes provavelmente irão surgir.”. Reuters
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