01/04/2021
Falsa enfermeira presa por aplicar suposta vacina contra a Covid-19 já vacinava pessoas desde março
BELO HORIZONTE, MG - A falsa enfermeira presa pela Polícia
Federal por realizar suposta vacinação contra COVID-19 em garagem de empresa de
ônibus em Belo Horizonte já atuava com o esquema na cidade desde o início de
março, conforme investigações da Polícia Federal. A mulher, que foi levada para a Penitenciária Estevão Pinto
na noite dessa terça (30/3), teve a prisão temporária convertida em preventiva. As autoridades constataram que a mulher, que na verdade era
uma cuidadora de idosos, atendia também a domicílio. De acordo com as investigações, um dos bairros em que ela
mais fez "atendimentos" – em casas e apartamentos – foi o Belvedere,
de classe alta, no Centro-Sul da capital mineira. "Os moradores lá estão todos sem saber o que
fazer", afirma um empresário que frequenta a região. Diligências feitas pela Polícia Federal encontraram na casa
dela ampolas de soro fisiológico. A suspeita é que era isso que vinha sendo
aplicado nas pessoas que contratavam seus serviços. Conforme a PF, a falsa enfermeira, com os recursos que
ganhava com a aplicação da "vacina", estava comprando carro e um
sítio. Entenda o caso Segundo a revista Piauí, que denunciou a ocorrência de uma
vacinação irregular contra a COVID-19 na garagem de ônibus em reportagem
publicada no dia 24, a falsa enfermeira cobrava R$ 600 por duas doses do que
afirmava ser vacina. Vídeos aos quais o Estadão teve acesso mostram uma mulher de
jaleco branco em meio a carros em uma garagem no bairro Caiçaras, Região
Noroeste de Belo Horizonte. Segundo as apurações da PF, a suposta vacinação no local
ocorreu nos dias 22 e 23. Pelo menos 80 pessoas passaram pelo local naquelas
duas noites. A garagem é de uma empresa que pertence ao grupo Saritur,
conforme informações de um funcionário repassadas à reportagem no local. No início desta semana, os empresários Rômulo Lessa e Robson
Lessa, da Saritur, prestaram depoimento à PF e afirmaram ter comprado o que
acreditavam ser imunizantes de forma irregular. Legislação aprovada pelo Congresso Nacional autoriza a
importação de vacinas, desde que sejam repassadam ao Sistema Único de Saúde
(SUS) ao longo do período em que são imunizados grupos prioritários, como
idosos e agentes de saúde. A PF, inicialmente, trabalhava com três linhas de atuação.
Desvio de vacina do SUS, contrabando do imunizante ou golpe. Nesta segunda (5/4), o filho da falsa enfermeira prestará
depoimento à Polícia Federal. A suspeita da PF é que ele seja o responsável
pelo recebimento dos pagamentos, que ocorriam, muitas vezes, via PIX, o que vai
facilitar as investigações das autoridades. Além da compra de imóvel e veículo, outro indício de que a
falsa enfermeira vinha aplicando o golpe de forma mais ampla pela cidade é que,
antes de comparecer na terça-feira à garagem da empresa no Bairro Caiçaras, já
havia passado em outros dois locais.
A reportagem tenta desde a semana passada, sem sucesso,
contato com a Saritur, via telefone fornecido por funcionário do próprio grupo. EM
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