13/01/2021
Câmara dos EUA aprova segundo impeachment de Donald Trump; processo agora segue para o Senado
Donald Trump se tornou o primeiro presidente da história dos
Estados Unidos a sofrer dois impeachments. Nesta quarta-feira (13), a Câmara
aprovou pela segunda vez um pedido para que ele seja afastado do cargo, a
apenas seis dias do final de seu mandato. Foram 232 votos a favor e 197 contra, e quatro deputados não
votaram. Entre os que votaram a favor estão 10 membros do Partido Republicano,
o mesmo de Trump. Outros quatro republicanos não votaram. Os democratas foram
unânimes nos votos a favor e apenas um não votou. Desta vez Trump foi considerado culpado por incitar à
violência que resultou na invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano,
na semana passada. Antes, em 2020, ele havia sido sido declarado culpado por
obstrução ao Congresso e abuso de poder. Diferentemente do Brasil, o presidente dos EUA não é
afastado quando o processo de impeachment é aberto no Senado. A sua remoção
ocorre de forma definitiva após o processo ser analisado e aprovado pelos
senadores. Trump deve permanecer no cargo até a próxima quarta-feira
(20), quando Joe Biden toma posse como novo presidente. Em seu primeiro processo, Trump foi absolvido no Senado, de
maioria republicana. Naquele caso, nenhum deputado de seu partido votou por sua
condenação, e apenas um senador o fez. Agora, porém, dez deputados republicanos foram favoráveis a
seu afastamento. Isso estabelece um recorde: antes, apenas cinco deputados
tinham votado pelo impeachment de um presidente de seu próprio partido, quando
cinco democratas ficaram contra Bill Clinton, em 1988. Na terça-feira (12), o presidente americano falou com
jornalistas pela primeira vez desde a invasão e afirmou que há "muita
raiva" sobre o novo processo de impeachment e que se trata da
"continuação da maior caça às bruxas da história da política". Votação no Senado Nunca um presidente americano teve o impeachment aprovado no
Senado. Antes de Trump, Andrew Johnson e Bill Clinton também tiveram seus
processos de impeachment aprovados pela Câmara e foram absolvidos pelos
senadores. Já Richard Nixon renunciou antes de o processo ser votado na Câmara. A dúvida é se os senadores republicanos que romperam com
Trump conseguirão formar a maioria de dois terços no Senado para destituí-lo
(na Câmara é preciso apenas maioria simples para o processo avançar). Outra
incógnita é se o Congresso pode seguir com o impeachment após o presidente
deixar o cargo. Apesar disso, o líder do Partido Republicano, Mitch
McConnel, afirmou a interlocutores que está satisfeito que os democratas estão
tentando tirá-lo da Casa Branca e que o presidente cometeu crimes passíveis de
impeachment, segundo o jornal "The New York Times". McConnell, senador pelo Kentucky que apoiava Trump até a
invasão ao Capitólio - que resultou em cinco mortes -, disse reservadamente que
será mais fácil expulsar Trump do partido com o impeachment. Biden não toma
posição Ao contrário dos congressistas democratas — como a
presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder do partido no Senado, Chuck
Schumer —, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, se recusou a endossar o
processo de impeachment e deixou a decisão a cargo do Congresso. O futuro presidente não quer inflamar os ânimos entre os
republicanos e agregá-los novamente em torno de Trump, em um momento em que o
presidente e seu partido estão enfraquecidos. Ele também foge do desgaste
político, da paralisia legislativa e de um desvio de rota de sua agenda no
Congresso.
Para Biden, o ideal seria que o processo de impeachment
sofresse uma pausa no Senado. Assim, não poria em risco os planos para combater
a pandemia do novo coronavírus e seus reflexos na economia americana. G1
|