17/04/2021
Em viagem fora da agenda, Bolsonaro volta a dispensar uso de máscara e causar aglomeração
BRASÍLIA - Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro foi o
chamariz para a formação de aglomeração durante uma viagem em que dispensou o
uso da máscara. O chefe do Executivo mobilizou dois helicópteros oficiais para
se deslocar para Goianópolis, cidade de Goiás localizada a cerca de 200
quilômetros de Brasília. A viagem não constava da agenda do presidente, que, no
caminho, parou em um posto da Polícia Rodoviária Federal, segundo imagens
publicadas nas redes sociais. Assim que pousou em um campo de futebol, várias pessoas se
aglomeraram para saudar o presidente, conforme revelaram imagens transmitidas
pelo líder do PSL na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). O chefe do
Executivo cumprimentou várias delas apertando as mãos. Na transmissão, é possível
ver que há desde pessoas idosas até crianças. O presidente chegou a pegar um
bebê no colo, logo depois de tocar em vários apoiadores. Fizeram parte da comitiva o ministro da Defesa, Walter Braga
Netto, e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Apesar de ter sido retirado
do cargo há cerca de três semanas, Pazuello é considerado uma das peças
principais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que vai
averiguar a coordenação do governo em relação à pandemia de coronavírus.
Bolsonaro se mostrou irritado com a criação da CPI e articulou para que outras
esferas de governo - como prefeitos e governadores - também fossem
investigadas. O presidente já foi contaminado pela covid-19 e atribuiu sua
recuperação ao que chama de tratamento precoce - que não tem comprovação
científica - e a seu "histórico de atleta". Depois de ter declarado
que não tomaria vacina, Bolsonaro disse a apoiadores ontem à noite que pretende
ser imunizado "por último". Segundo o presidente, a decisão se dá
porque há "muita gente apavorada" esperando pela vacina "dentro
de casa". Vários chefes de Estado e de governo do mundo, no entanto, já se
imunizaram, dando o exemplo, quando os calendários de imunização locais previam
a aplicação do imunizante em suas faixas etárias. Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade,
Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de
abril, mas optou por não se vacinar. Outro argumento do presidente para não
receber o imunizante é o de já ter contraído o vírus em julho do ano passado.
Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,17% dos cidadãos
brasileiros já foram vacinados com a primeira dose. Desde o início da pandemia,
o Brasil contabiliza mais de 369 mil mortes por coronavírus.
Nesta manhã, o Ministério da Saúde informou que o governo
brasileiro deve receber 4 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra
a covid-19 em maio, fruto do consórcio Covax Facility. Segundo a pasta, os
imunizantes serão adquiridos via Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS/OMS). O primeiro lote da Covax Facility foi entregue em março
com pouco mais de 1 milhão de doses da AstraZeneca/Oxford, produzidas na Coreia
do Sul pelo laboratório SK Bioscience. Estadão
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