05/05/2025
Deputado que desejou morte de Lula chama Gleisi de “prostituta” e Câmara pede suspensão do mandato
BRASÍLIA, DF - A Mesa Diretora da Câmara pediu na noite de
quarta-feira (30) a suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan da Federal
(PL-ES) por supostas ofensas à ministra das Relações Institucionais, Gleisi
Hoffmann. A informação é do g1. O pedido da direção da Casa terá de ser analisado pelo
Conselho de Ética em até três dias úteis. Caso o órgão não se manifeste, a
decisão caberá ao plenário principal da Câmara. A Mesa Diretora defende que o parlamentar tenha o mandato
suspenso, de forma cautelar, por seis meses. E que o Conselho de Ética abra um processo para apurar a
conduta do deputado, que, segundo a Mesa, se enquadra nas hipóteses que podem
levar à cassação do mandato. A representação da Mesa foi protocolada após manifestação da
Corregedoria Parlamentar da Casa. É a primeira vez que a direção da Câmara usa
uma prerrogativa criada na gestão de Arthur Lira (PP-AL) para acelerar a
punição de deputados. De ofício, a Corregedoria comunicou à direção da Câmara que
menções feitas por Gilvan da Federal à Gleisi não se "amoldariam ao padrão
de comportamento esperado de representantes do povo". Em uma audiência da Comissão de Segurança Pública, no último
dia 29, Gilvan fez referência a uma lista de apelidos para registrar supostos
repasses irregulares da Odebrecht a políticos. Ele cita os nomes "Lindinho", dado ao líder do PT
na Câmara e companheiro de Gleisi, Lindbergh Farias (RJ), e "Amante",
que, segundo as investigações, era usado para se referir à atual ministra de
Lula. Gilvan prossegue e diz que a pessoa apelidada de "Amante"
deveria ser "uma prostituta do caramba". O documento enviado pela Mesa ao Conselho de Ética avalia
que Gilvan da Federal cometeu "flagrante abuso de suas prerrogativas
constitucionais". Assinada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta
(Republicanos-PB), e por mais quatro membros da direção da Casa, a
representação também afirma que o parlamentar que "fez insinuações
abertamente ultrajantes, desonrosas e depreciativas" à Gleisi. "As falas excederam o direito constitucional à
liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares,
além de, repise-se, ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus
membros e de outras autoridades públicas", diz o documento. O caso Em uma reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara na
última terça-feira (29), o deputado fez uma fala durante a audiência com o
ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. "Na Odebrecht tinha uma planilha de pagamento de
propinas para políticos, eu citei aqui o nome de 'lindinho', de 'amante', que
deveria ser uma prostituta do caramba e teve um deputado aqui que se revoltou,
ou seja, a carapuça serviu." "Amante" era o apelido da ministra Gleisi na planilha.
Na representação, a Mesa argumenta que o discurso é um abuso das prerrogativas
parlamentares e "configura comportamento incompatível com a dignidade do
mandato". 'Quero que Lula morra' Gilvan se envolveu em outra polêmica recentemente na Câmara.
Relator de um projeto que pretende desarmar a segurança pessoal de Lula, o
deputado disse que queria que o presidente morresse. Com a repercussão e a investida da Advocacia Geral da União
(AGU), ele precisou pedir desculpas.
g1, com foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Depútados
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