09/05/2025
Menina de 10 anos se joga na frente da mãe para salvá-la de tiros disparados pelo pai
SANTOS, SP - A filha de 10 anos do sargento da PM que matou
a própria esposa a tiros em uma clínica médica em Santos, no litoral de São
Paulo, ficou ferida após se jogar na frente da mãe para tentar salvá-la. As
informações foram apuradas pelo g1 nesta sexta-feira (9). A criança foi levada
para a Santa Casa de Santos. Após o crime, o sargento foi preso. O crime aconteceu na quarta-feira (7), na clínica localizada
na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. O sargento Samir Carvalho
efetuou diversos disparos, atingindo a esposa, Amanda Fernandes Carvalho, e a
filha. Em seguida, ele pegou uma faca e deu aproximadamente dez facadas na
mulher. Amanda morreu no local e a filha do casal ficou ferida. A
menina foi levada para a Santa Casa de Santos. Ao g1, o hospital informou que a
paciente foi atendida pela equipe multidisciplinar e não tem autorização para
prestar informações sobre o estado de saúde. Segundo apurado pelo g1, a menor tentou salvar a mãe, que
era o alvo dos disparos, pulando na frente dela. Em depoimento à Polícia Civil,
o médico proprietário da clínica disse ter sido surpreendido por Amanda e pela
filha enquanto estava na própria sala, aguardando o horário de chamá-las para
uma consulta que estava agendada. O profissional contou às autoridades que Amanda entrou no
cômodo muito nervosa, dizendo que estava sendo ameaçada pelo companheiro. “Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer
me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda ao médico. Ele disse para a Polícia Civil que trancou a porta do
consultório, colocou duas cadeiras atrás da porta e ficou segurando com medo de
que fosse arrombada. O médico também contou que pediu para a paciente chamar a
polícia, mas ela respondeu que uma amiga já havia acionado a corporação. Por
isso, insistiu por uma nova ligação. O homem relatou que ouviu uma batida na porta e questionou
quem era, mas não teve retorno. Momentos depois, ele escutou a voz da
secretária pedindo para a porta ser aberta porque a PM havia chegado. Segundo o
relato, também foi possível escutar uma voz masculina dizendo: “pode abrir, é a
polícia, está tudo sob controle”. Após questionar se os agentes estavam uniformizados, o
médico abriu parcialmente a porta e, em seguida, foi para atrás da mesa. Ele
disse que viu, no fim do corredor, um policial fardado e depois ouviu uma
sequência de mais de dez tiros. O profissional disse para polícia que se abrigou debaixo da
mesa para se proteger e acredita que o atirador tenha começado os disparos do
lado de fora da sala. Ele só se levantou depois que o agressor foi contido
pelas equipes policiais. O homem contou que socorreu a filha de Amanda e, logo
depois, viu o corpo da mulher com uma faca “cravada no pescoço e banhada em
sangue”. Ele garantiu que nunca havia visto as vítimas antes e não chegou a ver
o atirador porque se escondeu ao ouvir o primeiro tiro. Investigação Em nota, a SSP-SP informou que a PM instaurou um Inquérito
Policial Militar para “apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados
para atender uma ocorrência que evoluiu para feminicídio e tentativa de
homicídio em uma clínica de saúde”. Anteriormente, a SSP-SP havia informado que os agentes
tinham encontrado a mulher já morta e a filha do casal ferida ao chegarem no
local da ocorrência, contrariando à versão obtida pelo g1 com a Polícia Civil
de que os policiais estavam na clínica na hora dos disparos. Ao g1, a secretaria justificou que esta informação anterior
era preliminar, pois o posicionamento foi enviado antes do término do boletim
de ocorrência. Segundo a nova nota, divulgada nesta quinta-feira (8), policiais
foram acionados via Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) para atender
um caso de desinteligência na clínica. No local, eles encontraram Amanda e a filha trancadas em um
consultório e um policial militar de folga [Samir] do lado de fora. "Após
o policial mostrar que não estava armado, a porta foi aberta. O autor entrou e
atirou na mulher e na filha, sendo preso na sequência e encaminhado ao Presídio
Militar Romão Gomes”, disse a SSP-SP, em nota. De acordo com o boletim de ocorrência, obtido pelo g1,
quatro policiais militares integravam as equipes que atenderam o caso,
registrado como violência doméstica, feminicídio e tentativa de homicídio na
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A Polícia Civil instaurou inquérito para
investigar as circunstâncias do crime. A SSP-SP não informou onde estavam os policiais no momento
em que Samir efetuou os disparos e depois esfaqueou a esposa. A delegada do 2º DP Débora Lázaro informou que Samir
esfaqueou Amanda com aproximadamente dez golpes após os disparos. Ao g1, a
SSP-SP se limitou a dizer que a informação consta na segunda edição do boletim
de ocorrência. "Consta que havia um punhal cravado no corpo da
vítima". Defesa de Samir Por meio de nota, o advogado Paulo de Jesus, que representa
Samir, afirmou que na tarde de quinta-feira (8) foi realizada audiência de
custódia e a prisão em flagrante do policial foi convertida em preventiva.
Samir foi encaminhado ao presídio Romão Gomes. Paulo de Jesus disse que a
defesa se manifestará apenas quando as investigações forem concluídas.
g1, com fotos: Reprodução/Redes Sociais
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