16/05/2025
Fraudes e manipulações de decisões judiciais na Paraíba chegam a R$ 126 milhões
JOÃO PESSOA, PB – A Controladoria-Geral da União (CGU)
participa, nesta sexta-feira (16), na Paraíba, da 2ª fase da Operação Retomada.
O trabalho, realizado em parceria com o Ministério Público do Estado, por meio
do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), com apoio da
Polícia Civil da Paraíba, investiga esquema montado por magistrado, advogados,
servidores públicos e associações fraudulentas, que promoviam descontos
financeiros indevidos nos pagamentos realizados sobre aposentados e
pensionistas. Investigações A investigação que culminou na deflagração da 1ª fase da
operação, ocorrida em 11/12/2024, sem a participação da CGU, foi iniciada pelo
Gaeco e identificou que associações fraudulentas ajuizaram ações coletivas
visando obter vantagens ilícitas, manipulando o sistema judicial e causando
prejuízo significativo tanto aos idosos quanto ao sistema financeiro. As ações utilizavam a Comarca de Gurinhém (PB), mesmo sem
existir qualquer conexão territorial com as partes envolvidas, com o intuito de
promover, a partir de decisões judiciais ilegítimas e ilícitas, diversas
modalidades de irregularidades. Entre elas, a exclusão de registros negativos
em cadastros de proteção ao crédito sem a correspondente quitação dos débitos,
a suspensão dos descontos referentes a empréstimos consignados já efetivados em
contracheques de servidores, aposentados e pensionistas, liberando
artificialmente a margem consignável para novas contratações de empréstimos de
forma indevida. Apurou-se também a ocorrência de ações judiciais atuando em
desfavor de programas de fidelidade de companhias aéreas, cujas decisões
visavam garantir ilegitimamente a reativação de créditos expirados ou a
reversão de políticas contratuais dos programas, gerando benefícios financeiros
indevidos aos participantes do esquema. A investigação em curso também identificou simulação de
homologação de descontos em folha sob a falsa justificativa de contribuição
associativa, utilizando acordos fraudulentos com idosos que, em sua maioria,
não tinham ciência ou compreensão das implicações desses atos. Até o momento já foram identificadas 11 associações e
entidades fraudulentas que moveram mais de 230 ações coletivas no Estado da
Paraíba, atingindo mais de 100 mil aposentados e pensionistas de todo o País e
descontos ilegais nos benefícios previdenciários que somam mais de R$ 126
milhões. Nessa nova fase da Operação Retomada, busca-se aprofundar a
investigação, identificando a participação de advogados, servidores públicos e
de novas associações no esquema criminoso. Impacto Social As ações ajuizadas pelas associações tinham como objetivo
promover a obtenção de vantagens ilícitas ao grupo criminoso, manipulando o
sistema judicial e causando prejuízo significativo, tanto aos idosos quanto ao
sistema financeiro. Tais práticas não apenas lesam diretamente os direitos de
pessoas idosas, muitas vezes vulneráveis, mas também desestabilizam a confiança
no sistema financeiro e judicial, causando impactos negativos em larga escala. Diligências A 2ª fase da Operação Retomada consiste no cumprimento de
seis mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nas cidades de João Pessoa
(PB), Cabedelo (PB), Sapé (PB) e São Paulo (SP). O trabalho conta com a
participação de 5 promotores de Justiça do MPPB, 26 agentes do Gaeco, 2
auditores da CGU e 15 policiais civis. O trabalho conjunto desta fase, devidamente amparado por
decisão judicial, até o momento atual da investigação não tem vinculação com o
objeto investigado na Operação Sem Desconto, tendo em vista que apura um
contexto de fraudes distinto dos descontos associativos, na medida em que a
operacionalização fraudulenta de descontos e empréstimos tinha por base
manipulação anterior de decisão judicial. Como denunciar A CGU, por meio da Ouvidoria-Geral da União (OGU), mantém a
Plataforma Fala.BR para o recebimento de denúncias. Quem tiver informações sobre esta operação ou sobre
quaisquer outras irregularidades, pode enviá-las por meio de formulário
eletrônico do FalaBR. A denúncia pode ser anônima e, para isso, basta escolher a
opção “Não identificado”. O cadastro deve seguir, ainda, as seguintes
orientações: No campo “Sobre qual assunto você quer falar”, basta marcar a
opção “Operações CGU”; e no campo “Fale aqui”, colocar o nome da operação e a
Unidade da Federação na qual ela foi deflagrada.
Assessoria, com foto: Site da CGU
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