07/07/2025
Falsos pastores presos suspeitos de morte de fiel submetida a maus-tratos psicológicos e físicos por dez anos
BELÉM, PA - A Polícia Civil do Pará prendeu preventivamente
um casal de falsos pastores apontados como responsáveis pela morte de uma
mulher de 43 anos que foi mantida em cárcere privado pelos dois. Ela morreu no
último dia 19 de junho, após ser internada em um hospital público com um quadro
grave de desnutrição. Os dois foram acusados de submeter a vítima a condições de
maus-tratos físicos e psicológicos por cerca de dez anos utilizando o pretexto
religiosos para enganar a fiel. Durante esse tempo, ela morou com o casal e
prestou serviços domésticos. Dez anos de abuso A fiel, identificada como Flávia Cunha Costa, de 43 anos,
que morava com os suspeitos por 10 anos, morreu no último dia 19 de junho,
apenas 24 horas depois de ser internada, segundo informações da Rede Liberal,
TV Globo no estado. A polícia informou que as investigações sobre o caso tiveram
início no mês de maio. "No mesmo dia, uma equipe policial diligenciou até
o endereço informado, sendo recebida por um dos suspeitos, que chamou a vítima
até o portão", afirmou a delegada Bruna Paolucci, titular da Divisão
Especializada de Atendimento à mulher (DEAM), em Belém. "A mulher, visivelmente debilitada e com aspecto físico
extremamente magro, negou os fatos narrados, alegando manter relação de amizade
com o casal e ser vítima de intolerância religiosa por parte de sua família.
Ela afirmou, ainda, que realizava trabalho remoto e recusou-se a acompanhar os
policiais à unidade policial”, acrescentou. A titular ainda informou que, segundo informações no boletim
de atendimento hospitalar, a vítima foi conduzida ao Pronto Socorro, localizado
no Guamá, pelo próprio casal. Lá, a dupla afirmou que era vizinha de Flávia.
Apesar disso, a deixaram sem qualquer documentação, e fugiram depois de ouvir
da assistente social que precisariam fazer o registro de uma ocorrência. Formação de um grupo A TV Liberal, informou que o casal formou uma espécie de
grupo religioso. Outros 'fiéis', além disso, também foram mantidos em situações
de abuso. A série de maus-tratos era realizada por parte dos falsos pastores
para que o grupo seguisse alimentado por seguidores. Tudo acontecia por meio de
chantagens emocionais feitas por parte dos dito líderes religiosos. O casal foi preso preventivamente, de acordo com a Polícia
Civil. Houve, também, busca e apreensão. "Necessitávamos de documentos,
entre outros objetos, que poderiam robustecer as investigações. Eles (acusados)
já foram ouvidos em interrogatórios, na presença de advogados, e vão ser
encaminhados ao presídio. O inquérito, depois de finalizado, será enviado à
justiça", afirmou a delegada em entrevista à emissora filiada à Rede
Globo. "Ambos disseram que Flávia morava em uma casa anexa à
deles, por vontade própria. Além disso, que ela não queria contato com a
família. Negaram as acusações de violência e maus-tratos que culminaram na
morte dela. A necropsia vai elucidar ainda mais o que realmente causou a morte
dela. O apoio da família dela foi fundamental para que o processo de prisão
acontecesse", acrescentou. A titular relatou que o casal teve várias igrejas
diferentes. Além de operar em diversos lugares, usavam dois nomes. Dessa forma,
manipulavam as vítimas, fragilizadas por motivos distintos, tanto
psicologicamente, quanto emocionalmente. "Dessa forma, foi se afastando de amigos, trabalho,
família, até que todo o patrimônio da pessoa fosse destinado à igreja. Tudo
girava em torno de um tratamento espiritual, de uma cura espiritual",
conta Bruna Paolucci, à Rede Liberal. A emissora noticia que ao menos 13
pessoas chegaram a viver sob o domínio da falsa pastora na residência. "Essa pastora começou a dizer que tinha as soluções
para os problemas da Flávia. Afirmava que ela não poderia ficar perto da
família, pois todos eram endemoniados. Ela também ouvia que precisava se penalizar,
para se manter purificada, através de coisas como jejuns, por exemplo",
afirmou Ana Paula, prima de Flávia, à Rede Liberal.
Correio Braziliense, com foto: Divulgação/Polícia Civil
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