16/07/2025
Antes alinhado ao Bolsonarismo, agro dá “apoio e confiança” ao governo Lula em negociação com EUA
BRASÍLIA, DF - Representantes do setor agropecuário
reuniram-se nesta terça-feira (15) com ministros e secretários do governo
federal para debater a decisão do Estados Unidos de taxar os produtos
brasileiros em 50%. Durante o encontro, eles manifestaram apoio e confiança nos
esforços do governo em reverter a decisão, mas apresentaram um panorama
preocupante de perdas caso o tarifaço se consolide a partir do dia 1º de
agosto. A reunião em Brasília foi liderada pelos ministros do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e também contou com a
participação do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Entre os
setores produtivos presentes estavam a pesca, pecuária, frutas e café. Mais
cedo, Alckmin esteve à frente da reunião com empresários do setor industrial. Em coletiva de imprensa, o presidente da Associação
Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa,
garantiu que a taxa imposta pelos EUA tornaria inviável a exportação de carne
bovina para o país. De acordo com ele, diversos frigoríficos já suspenderam a
produção, mas cerca de 30 mil toneladas estão neste momento em portos ou
embarcadas com destino ao território norte-americano. “Nossa sugestão de imediato é a prorrogação do início da
taxação. Existem contratos em andamento. Precisamos de prorrogação ou retorno à
situação anterior. O setor já é taxado em cerca de 36%. Esse 50% seriam
inviáveis para a exportação”, destacou Perosa. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e
Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, relatou o
clima de pânico entre os produtores de manga. Segundo ele, a safra foi planejada há seis meses e já foram
contratados 2,5 mil contêineres para o transporte das exportações encomendadas
pelos Estados Unidos. Coelho defendeu que os alimentos sejam deixados de fora
do tarifaço. “Quero aqui parabenizar a iniciativa rápida do
vice-presidente Geraldo Alckmin, do governo brasileiro, do ministro Fávaro. Uma
hora dessa não podemos pegar essa manga e jogar na Europa. Não tem logística
para isso”, explicou o presidente da Abrafrutas. “Não podemos colocar essa manga no Brasil porque vai
colapsar o mercado. Urge uma defigência Brasilnição, urge o consenso, a
flexibilidade, um pensamento global, para não ter que deixar a fruta no pé, o
desemprego em massa.” Laranja e café Os produtores de laranja também apresentaram ao governo as
preocupações do setor, que tem 40% das suas exportações com os EUA como
destino. Pelos cálculos do presidente da Associação Nacional dos Exportadores
de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, 70% do suco de laranja importado
pelos norte-americanos são de origem brasileira. “Ainda tem tempo para negociação. Temos confiança de que o
governo vai alcançar um bom resultado. Precisamos de diálogo, negociação e
pragmatismo”, ressaltou Netto. As associações do setor de café também participaram da
reunião com o governo federal. O presidente do Conselho dos Exportadores de
Café (Cecafé), Marcio Ferreira, disse que 33% de todo o café consumido nos EUA
é produzido no Brasil. “O café brasileiro é o mais competitivo. Traz o corpo e a
doçura que o café de outras origens não tem. O consumidor está satisfeito e
feliz com o café do Brasil”, descreveu Ferreira. “Agradecemos ao governo por
tudo que tem feito no Brasil e no exterior, inclusive para abertura de
mercados. Vamos achar uma solução e ela será benéfica para todos.”
Agência Brasil, com foto: Valter Campanato/Abr
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